O E.T. da Bahia - parte 1.
O E.T. da Bahia
- parte 1.
Primeiro e simplesmente, como assim um e.t.? E.t. de filme? Ou aquele extraterrestre vindo de outro planeta – santa redundância. Considero que a ultimo opção é a qual pode descrever a situação com precisão. Mas o que um extraterrestre veio fazer aqui na Bahia afinal de contas meu Bom senhor? Perdeu o caminho para marte, virou a curva errada para a Via Láctea, ou o quê? Todas essas perguntas apenas ele mesmo as pode responder.
-Fala grande Etevaldo!
-Como andas amigão, é assim que ele me alcunhou, simplesmente de amigão. Em contrapartida, de um modo digamos, pejorativo, o apelidei de Etevaldo; obviamente por ele não entender o nosso dialeto de uma forma, digamos, perfeita – Sabe ele o essencial do nosso vasto vocabulário – não entendeu bem a brincadeira passando a considerar a tal alcunha com grande carinho e bom quisto.
-Você bem que poderia falar um pouco de você, das suas opiniões nessa primeira parte, Como assim, bom, sobre a viagem intergaláctica, o porquê de aqui estar, e tudo mais oras. Ele acabou concordando – mas não de imediato.
-Olha, estava eu andando com minha espaçonave perto da grande estrela de Arcturus, quando me veio uma idéia absurda de visitar um planeta já meu conhecido de antes – Não se preocupem com a escrita perfeita, tive que traduzir quase tudo que ele mo dizia com ouvido de tuberculoso, a mesma hora que trespassava o texto para um folha limpa de oficio – chamado Terra. Lembrei-me ao acaso, ou muito mais provavelmente pela vontade do bom Pai – É o mesmo nosso Pai – duma musica a qual falava de um pequenino pedaço de terra chamado Bahia. Mudei o curso com o intuito de visitar esta amada terrinha, e pousei bem onde ficava a outrora quieta, e hoje terrivelmente irrequieta Praça da Piedade – Não recordo bem se, quando ele aqui esteve já existia uma tal praça da Piedade, mas como ele tem não sei quanto anos de idade, deixei por isso mesmo – onde pude reparar o quanto a evolução e os anos mudam algumas coisas; enquanto outras permanecem as mesmas – Falou isso pelo fato de muitas pessoas terem caído estateladas ao chão no ver tamanho sucesso; uma imensa nave pousando dos céus, donde descia um homem às vestes de Bilac, ou mesmo Dummont.
A consternação e algazarra foram enormes, e isto eu e você bom amigo já sabíamos. Como assim não? Deu-se em todos os jornais? Enfim.
-Observei então as novas roupas e costumes por alguns segundos – Continuou ele – onde tratei de mudar o vestuário, e, por conseguinte a aparência. Logo fiz a nave se tornar invisível aos olhos humanos; fazendo assim com que muitos esquecessem do visitante inesperado, tornando-me ocultou ao olhar tolo. A cultura fora o meu próximo passo, seguido do novo modo de falar o dialeto já conhecido meu, como me referi posteriormente – Ele aqui fala do baianês. Como exemplos temos o “véi”, o “mano”, e o estranhíssimo “nenhuma”, que apesar de parecer uma negação é uma afirmação; coisas da nova geração. Como ser superior que sou, passarei a visitar os necessitados de ajuda, sendo que antes, continuei nesta campanha árdua do reconhecer a nova sociedade.
Fico imaginando cá comigo, como as pessoas acostumadas a vida rotineira ficaram ao se deparar com uma figura tão diferente – para falar o menor dos fatos – ao ver uma imensa nave vinda dos longínquos espaços do universo, e saindo dela um homem com semblante calmo, vestido à moda do inicio do século XX. Algumas devem ter caído para trás, outras simplesmente disseram, Outra jogada de Marketing, porem no relatar deste quase entrevistado, a maioria foram de gritos e brados chegados à loucura, até que a nave desaparecesse, e o homem diferente se confundisse com todo o resto.
Como disse em inicio – e se não o fiz, o faço agora – infelizmente não cheguei a assistir esse sucesso ao vivo – que pena... E apenas posteriormente cheguei a conhecê-lo, o bom amigo Etevaldo.
Pedi-lhe para que desse umas palavras finais, onde ele hilariamente respondeu:
-É nenhuma véi.
Fiquei por aqui mesmo...