O Sabor do Inverno

Chamam-me de louco, insano, amigos meus, quando digo que gosto do inverno. E aprecio os rigorosos, desses que fazem nesta época aqui, onde moro. Estes seres de mau gosto, os amigos meus, não apreciam a sensação e o charme da estação.

Eis uma premissa básica para o meu gosto: Durmo melhor! E quando o sujeito recosta seu corpo cansado, cobre-se a gosto e descansa as horas que é necessária torna-se um sujeito feliz.

Trabalho melhor no inverno, há um aumento significativo na minha disposição, em meu humor e na minha qualidade, não suo, tomo bons vinhos, assisto bons filmes, me alimento melhor.

Sou um sujeito feliz no inverno.

E este meu gosto vem de quando morei, por felizes e únicos e inenarráveis seis meses, em uma das cidades mais frias do estado, e que em meados dos negativos graus acordava ao alto das cinco e trinta da madrugada, todos os dias. Fez-me um homem feliz.

Mas tenho que concordar que no inverno também existem seus lados negros, como as asas de um graúna, que é acordar, tomar banho ao amanhecer e não ver pernas torneadas de morenas bronzeadas, cobertas por um amontoado e exagero de pano.

Conformo-me. Nem tudo é perfeito.