"Coitadinhos dos Criminosos..." = Crônica de mais que indignação=
Você já viu alguém sendo linchado por uma multidão? Já vi algumas vezes, pela mídia e sempre considerei uma cena realmente pavorosa a justiça sendo feita pelas mãos do povo. Ainda mais que o linchado sempre tem estampados na cara a estupefação, o horror, o medo extremado, a expressão de pobre coitado que está sendo injustiçado. A tal ponto que a gente acaba sentindo uma ponta de remorso por achar que ele está recebendo apenas o que fez por merecer. Mas pensando bem, pensando friamente, deixando os sentimentos de lado, como terá sido para a vítima dele o momento em que o crime aconteceu? Não terá a vítima sentido o mesmo pavor, a mesma impotência, o mesmo horror que ele está sentindo enquanto a multidão o massacra? Claro que sim. Talvez até muito mais do que ele, que pelo menos sabe por que é que está apanhando e correndo risco de vida.
Depois de ver certas condenações, sou obrigado a chegar à conclusão de que a lei tem mais pena dos criminosos do que das vítimas. Tanta gente comete crimes pavorosos, presta depoimento e depois é liberado para responder em liberdade que isso acaba se tornando um incentivo ao crime. Sem contar que sempre haverá um advogado canalha disposto a tudo para tirar da cadeia um canalha que possa lhe pagar bons honorários, não importando quão pavoroso ou asqueroso tenha sido o crime praticado.
Quer reunir mil artigos sobre violência em uma coleção de livros? Não precisará de muito tempo nem de muitos jornais e revistas. Em apenas alguns dias de leituras e de recortes e você terá uma bela coletânea de “Moça morta a facadas em assalto”, “Menina de oito anos morta em assalto”, “Avô praticava pedofilia com a neta de quatro anos”, “Pai seduziu filha aos seis anos”, “Mãe queima os genitais de filho de cinco anos com chapinha de cabelos”. Mil? Mixaria. Coisa pra poucos dias. Poucos mesmo.
E pensar que a gente ainda sente pena quando vê um monte de condenados, coitadinhos, em celas nojentas e “vivendo em condições sub-humanas”. Pensando bem, têm é muita sorte em ainda viverem esses sub-humanos.