OS FINS NÃO JUSTIFICAM OS MEIOS
 
 
         Amanhã meu filho, agora um homem, completa trinta e um anos de nascido. Conhecemo-nos no momento em que ele nasceu.
         Foi um encontro de amor.
         Eu era uma mulher de quarenta e três anos que já tivera duas filhas lindas, dois outros amores, nascidas através de cesariana, motivo pelo qual não as vi no ato do nascimento.
         Quando se fala que a mulher é o amor, percebo que há um tanto de equívoco nesta fala. Diante do meu filho que nasceu por obra de amor de Deus, o amor nasceu também.
         Esta é a origem do amor. Acho.
Antes desse acontecimento na vida, eu era mulher para ser amada com todas as belezas que o ser humano é. Homem e mulher eram iguais, só se diferenciavam pelo sexo. Um não era melhor ou pior que o outro.
A divergência de homem X mulher, negro X branco, antepassados X gerações novas, o bem X o mal, o bom X o mau, o binladen X o bush, o antigamente X o contemporâneo, o poder X o desprendimento, e todas essas milongas tais, tudo era questão de ser aceito ou imposto, em outras palavras simples, “tudo e todos ansiavam pelo poder e por ser aceito ou amado”.
         Quando nasce o filho da mulher, surge o amor.
         É aí que a mulher se distingue e começa a amar. Ela descobre a humanidade através do filho e o amor nasce nela, que se propaga e vira lenda.
          Mas é ai que nasce o sentimento do amor.
         A mulher flor que é, passa a ter dimensão extraordinária da compreensão, e ama, começa a amar o filho e tudo o mais.
         A beleza da vida é tal, tão grande, que é banalizada para caber nos corações, pois é volume demais de caber, e assimilar toda a sua essência é temido estourar. E depois se passa toda a vida à procura de entender o amor, subindo e descendo montanhas.
Antes da maternidade a mulher é amada. Quando nasce o amor é quando vê seu filho fora de seu corpo pela primeira vez. Esse impacto de se conhecerem pela primeira vez é o amor.
         Ela o ama e ele é amado.
         A humanidade toda, masculina e feminina, aprende o que é o amor através desse elo milagroso.
         E todos crescem em dimensão de amor por este caminho.
         Estou declarando amor à humanidade por que amei meu filho no nosso primeiro encontro. Mãe e filho. Eu o vi e ele estava no seu inicio. Tinha braços e pernas, e dedinhos. Uma cabecinha perfeita. Sobre uma pele fina esparramada o seu pintinho era uma pequena jóia e a pele espalhada transparente deixava ver o sangue vivo correr nas artérias, e protegiam as bolas grandes e vermelhas, mostrando a meus olhos maravilhados o que é a vida e o amor.
         O amor invadiu todo o meu ser. E aí começa a compreensão da humanidade.
         Esta declaração é uma homenagem ao meu filho que aniversaria amanhã cedo.
E no correr da vida muita coisadistancia uns dos outros, mas saibam que sentiram e foram amados no primeiro encontro como dois seres humanos.
         Este dizer é um luxo para a mãe e é um conforto para o filho.

                                      MEU FILHO EU TE AMO
 
 
 
         Todos, homens e mulheres, saibam que são amados e foram amados por suas mães ao nascerem como me exponho.