RESQUÍCIOS ARCAICOS DA MODERNA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

O professor chega à sala de aula vinte minutos antes do começo das atividades: senta-se à mesa e folheia um livro gigantesco enquanto espera que toda a turma esteja presente; que o horário esteja presente, para, então dar início aos trabalhos. Os “a-lunos”, um a um, vão chegando e o educador propõe as atividades no minuto marcado e “combinado” com a turma, de modo que os retardatários, descumprindo o acordo, ficam privados dos comandos executados instantes atrás.

Heranças de um tempo/lugar onde o “docentrismo” era praticamente ditatorial. Resquícios. Empecilhos. Minuciosamente um detalhe gigantesco; uma prática que permeia a dialética ensino-aprendizagem no Brasil em quase todas as suas manifestações e age dificultando o intento de abolição dos métodos arcaicos que milhões de estudantes respiram todos os dias de sua vida acadêmica.

Isso soa como uma conseqüente reprodução de influências sofridas durante o processo de formação dos atores da docência e agride intimamente os anseios do idealismo de alguns deles: ávidos por contribuir na revolução educacional que habita muito além de suas propostas pseudo-vanguardistas.

Estamos em um período de transição histórico, aliás, as mudanças estão sempre acontecendo, no entanto algo de especial está evidente: paradigmas estão sendo negados; a geração que recusou para si, poderá recusar-se a transmitir/semear/disseminar e, não havendo mais imposição: cadeiras enfileiradas, maças de presente, condenação aos atrasados, listas de chamada, biologia dois minutos depois da literatura, uniformes padronizados, “ingredientes que os alunos não querem comer”, possivelmente chegaremos a um novo modelo de educação: mais livre e estimulantemente agradável ao paladar prodigioso dos discentes, efetivamente.

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