Torcida (Des)Organizada
Não existiria o espetáculo do futebol se não houvesse a competição de dois times adversários, cada um querendo vencer. Entretanto, levadas por um fanatismo doentio, as torcidas agem como se o adversário fosse o inimigo. Esquecem de que sem o outro lado nem haveria o jogo. Enfurecidas pelo descontrole emocional, partem para o ataque, sem avaliar as consequências, chegando a uma verdadeira selvageria. O pânico atinge a todos, tirando o brilho esportivo da competição, exatamente na maior paixão do brasileiro, que é o futebol.
Existem até piadas de que muitos homens dão mais valor ao futebol do que à própria mulher ou mesmo à família. Felizmente não me enquadro nesse time, pois nem costumo ir a campos de futebol. Contento-me em assistir aos jogos de maior importância, como os clássicos de um campeonato ou jogos da seleção brasileira, pela televisão, sem o risco das galeras enfurecidas.
Já passei pelo susto de um pânico provocado por uma multidão descontrolada, num evento não esportivo, deixando-me, talvez por esse motivo, o pavor a grandes multidões. Senti-me como uma formiguinha pisoteada por elefantes, quase perdendo a esperança de escapar com vida. Já que escapei, não vou querer correr o risco de ir aonde posso deparar com a fúria incontrolável das chamadas “torcidas organizadas”, que estão muito mais para “desorganizadas”, porque desviam o seu verdadeiro papel, que seria dar maior brilho ao futebol, acenando a suas bandeiras e gritando entusiasticamente na hora do gol.