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“A
morte é a única certeza da vida.”


Quando criança eu vivia chorando por não querer morrer. Morria de medo da morte. A morte era feia, assombrava-me, era ladra. Subtraía-me o sono e o sorriso.

Tudo piorava nas aulas de catecismo. A catequista falava-nos sobre o fim do mundo, o apocalipse, que deveríamos ser bons para ganhar a vida eterna... Essas coisas que nos passam nas igrejas e tudo era confirmado, endossado pelas palavras enérgicas do padre. E cada vez eu temia mais a morte e cria que ela, a cada manhã estava mais próxima a mim, perseguindo meus atos e conforme meus pecados eu seria condenada a morte eterna, conforme ensinamentos religiosos...

Depois de certo tempo, eu questionadora que era (e sou), apesar dos meus seis, sete anos de idade, comecei a achar a vida sem propósito e ficava pensando numa solução para a “não morte”. Eu precisa encontrar um meio de não morrer. Imagine uma criança aos seis, sete anos que ainda cheirava a leite materno ouvir falar de fim de mundo! Sim, eu queria respostas do por que de ter que morrer! Mas, eu nunca as obtive, ou melhor,  não tive respostas que me convencesse.

E comecei a querer parar com os estudos, pois se o mundo iria acabar conforme me foi passado, para quê estudar? Por que me preocupar com o amanhã se o amanhã seria o fim, a morte certa?  

E ficava tentando entender algo inexplicável, algo incompreensível para um adulto, o que dirá para uma criança como eu era! Não sei como não me afundei num mar negro de depressão infantil por temor, por coisas que me incutiram à mente...

Mas, ao mesmo tempo em que tentava compreender, sabia que aquele assunto não me competia e que certas coisas não adiantava eu querer entender... Que certas coisas apenas se vivia e se sentia e se deixava a barca da vida seguir em frente.  

Aquela frase “a morte é a única certeza da vida” apavorou-me feito fantasma por muitos anos até o dia em que me tornei adulta cronologicamente. É... Pois creio que pelos meus argumentos, meus questionamentos naquela idade já pensava como gente grande, eu era uma adulta presa naquele corpo de menina. É a única explicação que tenho para uma menina pequena na década de setenta pensar como eu pensava...rs

Hoje, agora, neste momento, já eu não temo mais a morte e nem quero certezas da vida! Não quero saber o que me reserva o amanhã, o que encontrarei ao dobrar a esquina, não quero a certeza do que enfrentarei além do muro ou da montanha.

Não mesmo. Não quero as certezas, antes quero por toda a vida, enquanto eu tiver último sopro vital, a única coisa que desejo é ter aquilo que me move a seguir em frente, a buscar novos horizontes, o que me faz acreditar no amanhã, a crer na cura, na vitória, na conquista, na vida e no amor.

Não, eu não quero as certezas, eu só preciso ter comigo enquanto viver, a esperança...


E você?rs