E éramos dois a rodar... E rodar...

A quem pude contar contos.

Quem me fazia sorrir ao ver chegar.

Quem por vezes soube me arrancar sorriso e suspiro, mesmo na mesa de um bar sujo.

Foi você quem eu dividi as dores, os amores e todas as outras porcarias decorrentes desse negócio todo. Me acendia o cigarro, me acendia a vida.

Por vezes rimos de tudo isso, de todas as histórias que contávamos e de todos os problemas de vida ou morte que cercam um adolescente e que seria a última vez. Éramos sempre dois a rodar.

Talvez tudo isso faça sentido agora, pois entendo o motivo do título daquele livro, com um personagem mais mentiroso que eu.

A mais critica, a única que me despertava tanto orgulho, quem sempre entendia os meus manuscritos tão patéticos. Quem eu tinha tanto medo de perder, e agora eu sei como o medo é. Quem me cuspia tanta injúria, mas nunca cuspiu um “eu te amo”. Rimos da vida e de como ela pode ser uma agitação feroz, sem finalidade ou coisa que o valha, mas a gente não tava nem ai, queríamos gritar tudo o que ninguém ouvia e repetir aquele velho verso, bem assim: “vem meu bem, é sempre cedo, com você não vou ter medo”. Só nunca poderia imaginar que o funeral deste coelho branco seria logo após a última apresentação que vi de Altro, antes seguida de um porre.

Eu sempre acreditei que o amor era mais forte.

Hoje, nada disso já é mais e, começo a achar que me enganei. A verdade, sendo mentira ou não, ou qualquer coisa parecida, é que o rastro de saudade, nunca vai desmarcar do peito e nada é tão bonito, como era antes quando tudo era. Como quando me enchia os olhos de alegria num abraço duradouro, transparecendo tudo de bom que me conforta, tudo o que só você sabia que me confortava. Só você sabe o valor que tem pra mim e, me perdoa se um dia te confundi e te fiz pensar por contrário disso, mas tanto você como eu sabemos, que foi muito mais fácil assim, pelo menos pra você. Creio que agora, nem Holden pode nos ajudar e que não sei se nesse campo de centeio, há laranjas com sabor de chocolate. Não importa. O bom é lembrar tudo que foi bom e, mesmo assim, só queria dizer, querida, que sempre será a minha boneca de última geração.

uell
Enviado por uell em 04/06/2009
Código do texto: T1632022