A CARTA QUE NÃO ESCREVI

Perdoe a carta que segue. Se seguir fosse fácil não precisaríamos de mensagens. De conselhos bem feitos, redigidos com palavras rebuscadas.

Melhor seria dizer-te: SIGA? A voz não sai. O pensamento ordena-me que escreva: PARE!

O que faço? Estamos as duas nesta encruzilhada. Uma desejando seguir, outra ordenando que volte.

Que droga é a vida! Que entorpece a razão e alucina os atos. E agora o que faço? Digo que estás certa só porque te amo? Ou nego-te a razão por te amar demais?

Quem mandou sermos duas! Agora, tu pensas que sei o caminho certo. Que sou a conselheira com a resposta exata. Agora, eu penso saber por onde deves andar e me dou o direito de te aconselhar.

Devíamos ser únicas. Uma só, vivendo de um só coração. Assim não haveria equívocos, não existiriam impasses. Erraríamos juntas e depois, com sorte, poderíamos consertar.

Mas não! Tu és dona do teu coração e, pertence a mim o que em meu peito pulsa. Como posso escrever-te agora, se não direi o que desejas ouvir, mas o que anseio que faças?

Não posso! Não vou apontar-te direção alguma. Sequer posso dizer-te que já me encontrei. Lembro o teu olhar enviesado quando tomei esta estrada. Entendi a mensagem mesmo que não tivesses me dito nada.

Agora é minha vez.

Esta carta só tem começo e um fim. Desejo que sejas feliz. Digo que te amo.

O meio é só uma prece para que Deus te ilumine.

Ao decidir-te nesta encruzilhada, não terei indicado placa nenhuma.

Mas, se estiveres atenta perceberás (num subscrito discreto feito por letras pequenas) que, independente, do caminho escolhido estarei caminhando contigo. Posso não dar-te a razão que tanto desejas agora, mas garanto a acolhida.

Eternamente,

Amiga

Léia Batista
Enviado por Léia Batista em 04/06/2009
Reeditado em 04/06/2009
Código do texto: T1631791