DETIDO E QUASE PRESO EM NEW YORK CITY

Por estas voltas que a vida nos dá vim parar na dita Capital do mundo, NYC. Minha filha veio para cá tomar conta de crianças, encontra o seu gringo e casa. Resolve terminar o curso de engenharia e se forma, vim prestigiar sua formatura.

Chego em Nova Iorque com a esposa, me alojo em seu pequeno apartamento. A filha, embora esteja se formando, ainda tem que terminar o seu trabalho de graduação, não saí do único computador da casa. A esposa se distrai limpando o apartamento, pondo as roupas em ordem e me fazendo ir do quarto para sala e vice versa. Ligo a televisão, centenas de canais, mas tudo na língua dos gringos, assisto algumas partidas de basquete e de tênis do torneio Roland Garros, mas animado com a diversidade de canais aperto insistentemente os botões até dar pau na TV do genro. Aparece uma mensagem que não entendo e minha filha não tem tempo e nem paciência para me ajudar. Tento ajudar a patroa, levo os lixos para fora, fico vendo a roupa ser lavada e enxuta nas máquinas do prédio, fico enfastiado... Tomo coragem e resolvo dar minhas voltas, compro um cartão do subway (metrô) e vou ao Central Park, vejo tudo quanto é bicho lá inclusive do Brasil, vejo carruagens puxadas por grandes cavalos, táxis de bicicletas ao estilo chinês, pessoal tomando sol nos gramados, alguns jogando aqueles discos free, lá no Brasil a gente fala que é coisa de fresco. Aproximo de alguns que batem bola na esperança dela vir na minha direção e poder mostrar a estes gringos que sou brasileiro, mas não acontece. Procuro identificar os pássaros pelo canto, mas são diferentes, exceto os pardais que cantam sempre com o mesmo sotaque, aqui, no Brasil, ou na China, onde quer que estejam. Paro numa banca de hot dog, tento me comunicar, começando a falar ~I don't speak english~ eles falam qualquer coisa que não entendo, mas identifico algo como ~from~ isto eu sei ~ respondo ~ I am from Brasil~ Sorriso no rosto dos garotos que depois descobri indianos~ Ronaldinho, Kaka ~ plaier soccer futebol very good - eu: yes, yes! Aproveito para contar umas esparrelas, misturando portunhol com inglês, They are good, but num se compara com "monstros sagrados" Pele, Garrincha e Didi, I see, they are "monstros sagrados" e começo com as mímicas lembrando as jogadas do Pelé que tabelava com as canelas do adversário, matava a bola no peito e quando todos esperavam que ela caísse no seu pé, dava uma gingada no corpo jogando-a 10 metros na frente e correndo deixava os adversários para trás, as saídas sempre pela direita do Garrincha, deixando russos, alemães...estatelados pelo chão, imitei com gestos o chute de Didi e joguei uma folha seca para cima para explicar o que ocorria com a bola e depois e o goleiro pasmado vendo a bola entrar do outro lado. Um dos meninos confirmava tudo com a cabeça e dizendo ~Is true~ Sabia tudo sobre os nossos craques, menti que tinha sido jogador e tinha enfrentado o Pelé, ele se assombrou, queria saber meu nome, menti de novo, tentei lembrar um loiro no nosso futebol, falei "Leivinha", pediu para ver os meus documentos, mostrei e ele falou:

- No Leivinha, here Dermeval - aí expliquei: Apelido: Pelé é Edson, Garrincha é Manuel - Brasil muito usual Apelido, o Garoto " Is True" Kaka is Ricardo, no? Respondi:Não sei. Peço um hot dog e um refrigerante quando vou pagar o garoto, "no brasiliam plaier soccer nao pay here~, insisti, quis falar que era mentira, mas me faltou as palavras ou não quis decepcionar os garotos. Fiquei devendo para eles e para o Leivinha U$ 5,00 e mais a taxa para os USA. Diverti-me bastante de dia, mas ao cair da tarde uma desventura:

Há dois anos pedi para minha filha comprar um relógio aqui, simples, mas que tivesse mostrador não digital, luz interna e despertador para me acordar nos plantões que faço, ela comprou um Seiko, bonito e funcional. Entro em um shoping e resolvo dar uma olhada na seção de relógios. Aparece-me uma moça bonita, provavelmente mexicana, com a qual conseguia me comunicar, mostra-me os relógios e manda que eu os experimente, tiro o meu e coloco no bolso e vou experimentando, pergunto os preços só para matar o tempo e ver aquele sorriso simpático, depois de várias experimentações falo que não quero nada, ela parece-me que não ficou nada satisfeita, saio de mansinho. Passo na seção de lap top vejo alguns preços e começo a ficar preocupado com o pessoal de casa pela minha demora no passeio, resolvo ir embora, ao me aproximar da saída, ouço: Mister! Olho e vejo a mexicana com dois elementos hollidianos enormes: You don't pay the clock? - Respondi: Me? - ela - Yes! - Eu: But not relógio -mostrei meu braço pelado - Aí ela mostrou meu bolso - Eu tirei o meu relógio, os manos se aproximaram, tentei explicar que aquele era meu, não consegui, me levaram para os fundos. Pedi para falar com a minha filha, mas ela não tem telefone na casa dela, só este tal de Iphone, no desespero não consigo lembrar o telefone dela e nem do endereço, a polícia chega rápida, um deles parecia ser mexicano e estava se engraçando com a compatriota, o desespero bate fundo, só não choro, por que não choro para gringo... Bem, vocês não imaginam como terminou esta história, isto é uma outra história, aguardem...

Defranco
Enviado por Defranco em 04/06/2009
Reeditado em 27/02/2016
Código do texto: T1631518
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.