Mico ao quadrado

Como sou meio atrapalhada às vezes acabo passando por situações engraçadas e alguns vexames, ou melhor, mico mesmo.

Certa ocasião, minha mão e meu dedão do pé esbarraram inocentemente num lugar que honestamente no momento não rolava nenhum clima.

Dona de casa está sempre procurando chifre em cabeça de cavalo ou coisa parecida.

Peguei a escada e fui tirar um ninho de passarinho que estava entre a telha e a madeira, o espaço era pequeno e resolvi dar uma mãozinha e mudar o ninho de lugar, nunca, jamais interfira na natureza, entretanto como não fui convidada a futucar onde não devia levei um rasante do chefe que ficou muito enfezado, conclusão, o corpo virou prum lado e o joelho pro outro, como consegui essa proeza não sei até hoje, mas vamos ao que interessa despenquei da escada tal qual uma jaca.

Logo fui socorrida pelo jardineiro que com boa vontade começou a massagear meu joelho, e além da dor a minha preocupação era o tamanho da unha dele, enorme e cheia de terra, só faltava cravar as unhas na minha coxa, como seguro morreu de velho para evitar uma infecção agradeci a ajuda e segui para o hospital.

Dando continuidade a aventura fui atendida por um ortopedista com certa idade, ou melhor, muita idade.

-Estique a perna.

Estiquei e senti o dedão do pé tocar em algo que me pareceu familiar.

Pensei, não acredito que isso aconteceu!

Imediatamente desci a perna que por reflexo acabou até a dor.

-Estique a perna minha filha.

-Não consigo doutor!

E mais uma vez o doutor naquela posição constrangedora esticou a dita cuja, e garanto que meu dedão do pé empacou e não mexeu nem por um decreto.

Em outra ocasião, meu pai ficou internado no mesmo hospital, e no sábado pela manhã entrou no quarto um Frei com bata, sandália franciscana que há muito não via uma dessas e muito menos um Frei. Ele era bem alto, simpático, uns vinte e poucos anos e ouvi sua pregação com todo respeito.

Ao término, despediu-se com um aperto de mão e um amigável abraço.

Como ele era muito alto e eu um rascunho de mulher, além de atrapalhada, minha mão enganchou-se no terço e ao tentar tirá-la sem maiores danos, passou de raspão em algo que me pareceu familiar.

-Caramba, mas logo num Frei?!

Acho que vou proibir minha entrada nesse hospital, porém garanto que não tive nada a ver com as atitudes inconvenientes da minha mão e do meu dedão do pé.

Isso não foi um mico, isso foi um King Kong ao quadrado.