Embaixo do mesmo teto
Embaixo do mesmo teto
Mª Gomes de Almeida
Casada e mãe de um casal de filhos lindos. Vivi anos uma relação relativamente saudável e bem.
Fizemos a opção por mudar de cidade por dificuldade do meu companheiro em arrumar trabalho onde vivíamos.
E nesta nova cidade, uma das primeiras pessoas que conheci era colega de trabalho e mais tarde se tornaria meu amor, amante, marido, cúmplice e companheiro.
Vivemos a tão falada lua de mel e logo começaram os problemas, falta de tesão, falta de respeito, falta de amor, falta de companheirismo¸ falta de paz e excesso de guerra.
Brigamos, separamos, voltamos. Voltamos, brigamos e separamos. Separamos, voltamos e brigamos.
E nessa relação de guerra e paz, nos amamos, nos odiamos, nos intrigamos.
Choramos , rimos, sofremos, celebramos, comemoramos.
Meus filhos por infinitas vezes “eram os culpados” das nossas desavenças. (na opinião dele). Resisti, reclamei, lutei, cedi. Eles foram morar com o pai. Ficamos nós dois, os problemas também.
Os problemas que vão de uma simples cara amarrada até a chamada violência simbólica¸ as agressões com palavras pesadas, grandes ofensas, falta de carinho, falta de olhar nos olhos, de tocar a mão, do abraço, do beijo, do sexo. Coisas que todo e qualquer ser vivente simplesmente A - DORA!
Com pouco mais de seis anos tudo se tornou uma grande hipocrisia. O diálogo desapareceu, infinitas vezes tentei discutir a relação. Homem não suporta isso! Eu e o defeito que toda mulher tem, falava, falava e falava. O relacionamento acabava...
No lance do sexo ele simplesmente torturava - me anulava-me, ignorava-me. Não fazia amor comigo e me olhava do alto como se eu fosse um não sei o quê.
É vergonhoso admitir, mas me humilhei, tentei, pedi e sucumbi.
Ainda hoje vivemos debaixo do mesmo teto, provavelmente por pouco tempo, ele deve se mudar logo. Ninguém se fala mais. Não compartilhamos mais nada. Os momentos de refeição são terríveis e longos minutos de silêncio e solidão.
As noites são longamente insuportáveis e talvez por isso muito dolorosas.
Cada qual na sua solidão, no seu canto, com a sua dor.
Apesar estamos debaixo do mesmo teto estamos anos luz distantes um do outro.
Ele nunca me diz o que está se passando consigo, o que sente ou o que não sente.
Enquanto isso eu espero.
Eu espero pacientemente ou será passivamente? Espero que tudo isso um dia passe, eu já nem quero mais a paz, também não quero a guerra, quero simplesmente pegar a minha vida que há alguns anos eu mesma a coloquei inteirinha nas mãos dele e refazê-la. Custe o que custar.