LABRADORES
Só porque eu acredito em evolução e nela não cabe que seres humanos reencarnem em animais, não fosse isso, eu bem que adoraria passar uma vida no corpo de um labrador.
Veja, labrador não é um cachorro, labrador é um LABRADOR. Gosto de separar isso e deixar bem claro que os labradores são mais bonitos, mais inteligentes, mais dóceis, brincalhões e amados, do que qualquer outra raça de cachorro no mundo! Esclarecido isso, já tenho aí muitos e bons motivos que justificam a minha vontade de ser um deles qualquer dia desses.
Fico observado a minha Nala (autêntica integrante do clã) e sinto uma ponta de inveja de suas mordomias. Inúmeras vezes já acordei pela manhã ouvindo o alegre e festivo “Bom dia!” do meu pai à bichinha e, para mim, apenas um “oi” chocho, como quem cumprimenta um cachorro de rua qualquer. Vai ver, o ponto é bem esse. Talvez eu seja o cão qualquer que faz xixi no pneu do carro, enquanto a Nala, autenticíssimo labrador, só faz xixi no jornal, como manda a etiqueta, e recebe tratamento especial.
Meu pai nunca me deu brinquedinhos de borracha variados e divertidos; nunca me ofereceu petiscos (note, petisco não é comida, é muito mais divertido que isso!); e não brinca comigo há anos! Já com a “outra filha”, é toda essa festa e muito mais!
Não, eu não sei nadar; não, eu não sei guiar ceguinhos; não, eu não tenho o cabelo amarelo e brilhante, mas eu exijo tratamento de labrador!!! Ela ganha mais carinho que eu, não precisa trabalhar, faz a arruaça que faz (e é muita, acredite) e ainda assim, é a princesinha da casa.
O que mais me irrita, é que eu não consigo ter raiva, a bichinha é sim, tudo isso e muito mais... ...é o amor da minha vida!