O apertar de um coração lógico
Sinto-me o coração apertar como se fosse um último adeus. Corro, distraído, pelo vento; despercebido, esbarro-me em uma árvore e sinto que ela sente eu nela me bater. Desfaço-me em idéias... É tão difícil o esquecimento que chega a ser um pesar, um carrossel de dores; ainda assim, tento me convencer do contrário: não há um adeus. Face à realidade, encaro-me no espelho da verdade, e questiono-me se ele realmente existe. E, se existe, por que não me alertou? Por que deixar-me seguir enfrente, se lá na frente haverá onde eu não possa mais seguir? Não há algo que possa dirimir minhas perspectivas e ao menos resguardar-me de tudo. Não hoje, ao menos. Hoje sou apenas o vagar, e nada mais. Contemplo-me como a esfera cheia de água e terra que sou (muito mais água, é verdade); olho-me, vagamente, como um minúsculo volume em um garrafão infinito, e não quero perceber mais que isso. Se há anjos? Se há deuses? Mares inexplorados? Tudo, agora, me é irrelevante, exceto o contato comigo, mas isso só posso fazer só; só... Só e somente só como o sol celeste de temperatura secreta inalcançável: é isso que há em mim. Deixarei por um momento que a questão fique presa ao ar, todavia, haverei de indagar sempre por que antes o tempo não me avisa: poderia evitar; poderia evitar-me...