DO AMOR PÁTRIO
Há uma lei em São Paulo que obriga a tocar o Hino Nacional antes do início das partidas de futebol nos estádios. Sem entrar no mérito da questão, considero isso uma tentativa de se resgatar nas pessoas aquele sentimento pátrio que víamos outrora.
Nas aulas de educação cívica o professor nos ensinava a amar e respeitar o Brasil. Era a época da ditadura. E daí? Os regimes passam, a terra fica. O amor tem de ser independente de dogmas e ideologias, amor puro e espontâneo, de pai e filho. Cantávamos o Hino Nacional olhando para a Bandeira verde e amarela tremulando no alto do mastro, imóveis e sérios, como se exigia. E como era bom. Sentíamos-nos verdadeiramente brasileiros.
E quem não decorou e recitou pelos quatro cantos os belos versos da “Canção do Exílio”, verdadeiro hino de amor ao Brasil? E quem não leu e se emocionou com “Iracema”, “Ubirajara” e “Triste fim de Policarpo Quaresma”? Quem não saiu por ai cantando “Aquarela do Brasil”? Quem nunca se arrepiou vendo no Masp e no Museu Nacional de Belas Artes as telas de Victor Meirelles?
Porque há corrupção política, desigualdade de todo tipo, uns enriquecendo às custas dos outros, destruição da natureza, violência e crescimento da pobreza e da miséria a olho nu, não haveremos de amar o Brasil? De cantar o Hino, exaltar suas belezas? Modestamente, não penso e ajo assim. Não vivo á margem da realidade, é claro, também critico, esbravejo, grito, mas nada disso impede de eu manifestar o meu amor pelo meu país, a exemplo de Paulo Coelho e Jorge Amado, que em suas andanças pelo mundo sempre o defenderam e jamais tiveram vergonha de dizer que são brasileiros.
São Paulo está fazendo a parte dela, cabe aos outro fazerem as suas. O Hino Nacional poderá nos resgatar como uma nação forte e poderosa, a exemplo dos Estados Unidos, que não cansa de plantar sua bandeira e tocar seu hino, em qualquer lugar e circunstância, inclusive a lua.