(In)transponível

A velha cautela não permite que me atire de vez.

Faço isso aos poucos, numa tentativa de suavizar meu possível choque contra a muralha que insiste em se manter entre nós.

Muralha essa erguida a quatro mãos - as suas, e as minhas.

Desejo realmente transpor esse obstáculo, mas talvez você não esteja igualmente preparada para isso. Eu poderia facilmente iniciar uma lenta escalada até o topo, mas não é assim que quero que seja. Seria injusto que apenas um escale a muralha e passe ao lado do outro, enquanto esse permanece em sua cômoda posição; também de nada valeria que ambos a escalássemos, porque apesar de nos encontrarmos no alto, a muralha continuaria a nos separar, e a isso somaria-se também um risco ainda maior - o da dupla queda.

O ideal seria, que da mesma forma que unidos erguemos o muro, também unidos o levássemos ao chão. Dessa forma, não ficáriamos nos domínios de apenas um, mas sim, os dois - juntos - ocupando todas as partes.

Mas resta ainda uma dúvida: será que há também, do outro lado, tanto interesse quanto deste aqui?

L
Enviado por L em 01/06/2009
Código do texto: T1627375
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