(In)transponível
A velha cautela não permite que me atire de vez.
Faço isso aos poucos, numa tentativa de suavizar meu possível choque contra a muralha que insiste em se manter entre nós.
Muralha essa erguida a quatro mãos - as suas, e as minhas.
Desejo realmente transpor esse obstáculo, mas talvez você não esteja igualmente preparada para isso. Eu poderia facilmente iniciar uma lenta escalada até o topo, mas não é assim que quero que seja. Seria injusto que apenas um escale a muralha e passe ao lado do outro, enquanto esse permanece em sua cômoda posição; também de nada valeria que ambos a escalássemos, porque apesar de nos encontrarmos no alto, a muralha continuaria a nos separar, e a isso somaria-se também um risco ainda maior - o da dupla queda.
O ideal seria, que da mesma forma que unidos erguemos o muro, também unidos o levássemos ao chão. Dessa forma, não ficáriamos nos domínios de apenas um, mas sim, os dois - juntos - ocupando todas as partes.
Mas resta ainda uma dúvida: será que há também, do outro lado, tanto interesse quanto deste aqui?