J. K. Wilson Druns & Drumbs

Ávido de sucesso o diretor J. K. Wilson Druns & Drumbs chegaria recheado de curiosidade. O anúncio da fábrica de crédito deveria ser o melhor. Tanto melhor quanto perfeitamente atraente para criaturas desfibradas monetariamente. Redação publicitária fina no melhor contexto técnico. Para tanto havia o Vasconcelos. Redator e criador. Sujeito capaz de combinar dinheiro com sorte no melhor lance de empatia. O depósito de chouriço acompanhando um refrigerante havia lhe dado o que falar nos festivais. Os comerciais puros exatos sempre eram da J. K. Wilson Druns & Drumbs. Todos os prêmios eram da J. K Wilson Druns & Drumbs. Foi um choque saber que o senhor J. K. Wilson Druns & Drumbs chamava-se Alfredo, simplesmente.

Vasconcelos era uma das aquisições ilusórias de maior prestígio da agência. Mente aberta, sem juncos, como diria o chefe. “Tudo certo, aqui é o melhor”! Acertou, ganhou, subiu aos céus!” Eram frases prediletas de efeito do Vasconcelos. Soavam para “consumo de crédito” na mente e nos bolsos. Estava com tudo o Vasconcelos. O Senhor Dumbs receberia o objeto precioso de papel em poucos horas. Como se fosse médico tocaria o texto com precisão cirúrgica. “Você que sofre com a comida mal temeprada. Você que está desempregado. Você que não paga suas dívidas. Você que sofre com brigas, calos, pesadelos, magoas de amor, solidão e conjuntivite. Você que adora brigas, pepinos, flanelinhas, abacaxis. Você que no jogo de marque com “x” os problemas, faltou xis. Você que ouve vozes, vê vultos. Você é a certeza de que é preciso minorar os problemas infinitos. Corte. Entraria a modelo boazuda em roupas sumárias carregando um letreiro com os dizeres: Casa de crédito com juros jururus. A voz implacável fecharia o tema com ganhos em grosso. Ganhe sete mil e quinhentos e pague milhões em poucas horas”.

Começou a suar frio antevendo fracasso. Viu hipoteticamente o senhor Drumbs & Druns (não necessariamente nessa mesma ordem) explodindo como vulcão a sua espantosa cólera. Estourando o grito de terremoto por todos os nervos em completo abalo sísmico. Esmagando a testa com um tapa dizendo: Idiota! Ele, Vasconcelos, filho de Martinho, engoliria o fracasso com alto teor de mídia televisiva.

Saiu da banheira coberto de espuma branca com ar de vencedor. Compreendendo o caminho rude das grandes obras, as mesmas que se opõem as conquistas fáceis das contas mais simples. Por longos anos habitaria os grandes horizontes de trabalho nas salas da empresa.

No entanto o que era alegria acabou se partindo em mil pedaços quando ouviu o rugido maligno na sala ao lado. Era o senhor Drumbs berrando.

- Isso não é obra prima, é estupidez sem parentesco.