Em todo ganho há uma perda.Em toda perda há um ganho.
 
Toda as vezes que fazemos uma escolha estamos perdendo algo.Às vezes não se perde grande coisa, é verdade.Às vezes, o que se perde é tão relevante quanto.
 
Desde pequenos estamos fadados a essa ciranda.
 
Já reparam como se comportam duas crianças em uma sorveteria? Uma pede chocolate; a outra, morango.E por elegerem tais sabores, tempo depois trocarão entre si o doce gelado por um breve instante.Só para dirimirem a frustração de suas escolhas.Escolher dói.
 
A poetisa Cecília Meireles escreveu sobre esse dilema no poema infantil “Ou isto ou aquilo”: “Ou guardo dinheiro e não compro doce, /ou compro doce e não guardo dinheiro. / Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo... /e vivo escolhendo o dia inteiro!”.
 
Mas a vida nem sempre permite que experimentemos os dois sabores.Ao adotarmos um em específico, abrimos mão de outros.Assim é na vida profissional, amorosa.Há quem tenha dois empregos em áreas totalmente opostas e se saia muito bem em ambos.Há quem viva com dois “amores” e se julgue feliz assim.Contudo, sempre houve antes da segunda opção uma escolha, a primeira eleição.
 
Escolher é preciso.Mesmo quando bate aquela vontade de ficar com tudo ao mesmo tempo. O grande escultor Michelangelo disse que realizava suas obras de arte cortando fora o que havia demais.Trocando em miúdos, em dados momentos ele teve que escolher mais ou menos mármore para fazer sua arte.

Somos o resultado de nossas escolhas.O resultado de inúmeras perdas e ganhos. 
 
Ninguém opta por perder, é claro.Aliás, a escolha obedece à razão ou ao coração?
 
Não sei dizer.Escolha você a melhor resposta.Certamente você ganhará.Mas  lembre-se: escolher não escolher é , sem dúvida, uma grande perda.

Você não acha que o dia está perfeito para saborear um sorvete? Eu vou de napolitano!

 
(Maria Fernandes Shu – 01 de junho de 2009)



Este texto faz parte do Exercício Criativo Perdas e Ganhos.
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