Perdas e ganhos (EC)
Quando uma porta se fecha, outra se abre. É um ditado popular, mas já é por todos sabido que a voz do povo é a voz de Deus. O grande problema consiste em não se desfocar da porta fechada. Continuar ali, estático, olhando, esperando que ela reabra apenas com a força de um pensamento chorão. Também não adianta fazer absolutamente nada, esmurrar, socar, arrombar. Uma porta fechada na vida é uma porta perdida. A grande sacada é olhar em torno porque sempre haverá pelo menos outra porta aberta para onde devemos nos dirigir imediatamente. Às vezes encontramos mais de uma porta aberta e não precisamos nos tornar afoitos e entrarmos na primeira que se abre. É assim que vejo a vida. Perdas e ganhos. É impossível perder sem ganhar algo em troca. Da mesma forma é impossível ganhar sem perder alguma coisa. Qualquer coisa. Se observarmos nossa vida, veremos que quando perdemos algo de muito valioso achamos que o mundo acabou. Tudo bem, que isso ocorra por um momento. É normal se sentir um tanto quanto desnorteado com a falta que o perdido faz. Mas olhando com mais atenção veremos não só uma, mas várias situações em que poderemos obter ganhos.
Experimente, você que me lê. Experimente focar em suas perdas. Escolha uma, a mais pesada. Depois pense em que sua vida mudou depois que isso aconteceu. Pode até parecer que mudou para pior. Mas se isso aconteceu é porque você não olhou para as portas que estavam abertas. E aí, elas se fecharam também... Portanto fique atento.
Falar é fácil, eu sei. Viver é difícil, eu também sei. Eu já tive muitas perdas. Perdi para a morte e perdi para a vida. Chorei o que foi possível chorar. Mas escolhi viver. Viver pela própria vida. Mais que tudo, a vida deve ser o sentido da vida. O além é desejável. O transcendente é aspirável. O retorno, possibilidade. Nada é certo além da certeza de que vivo. E que a vida é um jogo. Perco um, ganho outro. Vou perdendo aqui e ali como um time de futebol. O que importa é ser campeão, não de um campeonato entre outros jogadores, mas do campeonato da própria vida. Cada dia uma batalha. Umas mais duras outras suaves. Mas no fim poder dizer: ganhei e perdi muitas coisas. Mas, principalmente, ganhei respeito por mim mesma.
E nem por um momento pense que estou querendo ensinar alguma coisa. Estou querendo aprender. É principalmente para mim que escrevo. Porque estou com medo, muito medo. Estou me preparando. Só isso e nada mais.