O HOMEM E O CAPACETE

Na vida acontece cada coisa inusitada e assustadora, mas quanto a situação é compreendida damos boas gargalhadas.

Tenho um amigo, que se diz meu primo, quando me vê faz uma festa daquelas. Prima pra cá, prima pra lá. E aí rola assunto pra muitos metros, ou seria quilômentos? Mas os quilômetros são formados por metros? Ah, deixa essa complicação de lado.

Certa vez me contou que quase enlouquece por conta de um simples capacete. Este tem uma pizzaria e sempre vai ao centro comprar mantimentos. Um dia estava um tanto quanto estressado e com horário estourado, pra variar. Brasileiro vive assim sempre atrasado. E ainda tem gente que justifique essa falta de planejamento dizendo que atraso é coisa de brasileiro. Bom deve ser por isso que ainda vivemos no país de terceiro mundo. Estamos sempre no atraso enquanto outros países avançam a passos largos. Êta paisinho das desculpas esfarrapadas.

Voltando ao meu primo, este chegando em uma fornecedora de massa para pizza retirou o seu capacete e o colocou sobre o balcão, uma vez ser difícil negociar com um capacete na cabeça espremendo os neurônios e aquecendo os piolhos que ficam inquietos. Claro que meu primo não os tem: piolhos, claro, porque neurônios ele tem, mesmo que seja uns dois ou três. Conversa vai, conversa vem, negócio fechado. Meu primo agarra seu capacete e sai da loja. Sol a pino que dá pra fritar quantas pizzas quiser, suor escorrendo molhando até o juízo. Sai às pressas pra ir à outra loja de condimentos para pizza e, qual foi a sua surpresa quando tentou colocar o capacete na cabeça. Este parecia haver diminuído, pois não entrava em sua cabeça de jeito nenhum, apesar de suas tentativas alucinadas.

Descontrolado meu primo começou a pensar que ia morrer logo porque estava com uma doença grave que fez sua cabeça crescer de repente. Sem saber o que fazer, em desespero, queria correr para sua casa e morrer junto à família. Mas como se andar sem capacete é infração sujeita a multa. Perguntava a Deus porque ele estava passando por aquela situação: tão jovem pra morrer, com um filho menor pra criar e uma esposa jovem. Certamente esta logo o esqueceria e arranjava alguém pra esquentar os pés e outras partes que não vêm ao caso. Afinal o momento era de sofrimento, então porque atiçar mais ainda? Desesperado voltou a loja e confessou ao vendedor que estava preste a morrer e contou-lhe o fato quase chorando. Precisava que alguém o fosse deixar em casa o mais rápido possível. Precisava ver a esposa e o filho.

Um senhor que estava ao seu lado ouvindo tudo tranquilamente sorriu e disse:

_ Amigo, então somos nós dois que iremos morrer hoje.

Meu primo arregalou os olhos de quase defunto perguntando:

_ Por que o amigo diz isso? Não brinque com coisa séria!

O senhor respondeu:

_ É que estou com a mesma doença que a sua. Só que a minha o processo é inverso. Minha cabeça está diminuindo e o meu capacete está rodando em minha cabeça.

Logo a loja toda caiu na gargalhada e o pobre do meu primo compreendeu que o problema não estava em sua cabeça e sim no capacete que ele havia trocado com o senhor sem perceber.

Impossível descrever o alívio que meu primo sentiu naquela hora. O coração aos poucos foi desacelerando e ele se acalmando. Então destrocou o capacete e pôde continuar suas atividades tranquilo.

O que não faz uma mente estressada. Apesar da correria da vida procure manter a calma pra evitar passar pelo que passou meu primo. Bom pode não ser exatamente igual porque o meu primo tem uma cabeça grande e chata como todo bom nordestino... Mas...

Amigos estou com um blog só com crônicas neste endereço: http://fatimafeitosa.blogspot.com/

Também estou participando do Mural dos escritores: http://muraldosescritores.ning.com/profile/MARIADEFATIMAFEITOSA

Agradeço a visita de vocês lá. Peço desculpas se me atrasar nas visitas. Mas confesso ser este espaço o que faz meu coração bater mais forte: O RECANTO DOS AMIGOS!!! ótima semana a todos. Bjos!!!