Santos do forró
Chegou junho, o mês do forró, o mês mais alegre do ano. Por essa alegria são responsáveis Antônio, Pedro e João; ou Santo Antônio, São João e São Pedro.
O interessante é que são três santos, cujas vidas nada têm a ver com qualquer tipo de arrasta-pé. Os três tiveram vidas recatadas e entregues a contritas e demoradas meditações.
É claro que os três tiveram seus momentos de descontração. Nada de mais. Apenas seguiram o conselho bíblico encontrado nos Salmos: deveis servir ao Senhor com alegria.
Ou como diziam meus mestres no seminário, no mais apurado latim: Servite Domino in laetitia.
Pedro. À beira do lago de Genesaré, era conhecido como Simão. Um humilde pescador, ele não aparece nos quatro Evangelhos como um cidadão festeiro.
Pelo relato dos escribas canônicos, Pedro mantinha-se discreto ao lado do Mestre, embora exercendo, entre os discípulos, uma indisfarçável liderança.
Tanto que o Rabino não hesitou em confiar-lhe as chaves do Céu - Et tibi dabo claves regni coelorum, fazendo-o chefe da sua Igreja: Tu es Petrus, et super hanc petram aedificabo Ecclesiam meam.
No seu livro "Pedro, O Apóstolo Desconhecido", vejam como Helene Hoerni-Jung, nestes versos, intróito de um longo poema, traça-lhe o perfil: "O pescador/ Homem calado, o pescador/ Sozinho/ Sozinho com a água e o vento/ Sozinho na neblina/ Sozinho, no barco a navegar..."
Me parece, redigo, que o pescador de Cafarnaum não era chegado a estrepitosos festejos.
Antônio. Frei Antonio de Pádua, um português virtuosos, teve uma vida igualmente pacata. Em junho de 1220, vestiu o hábito franciscano.
E para se entregar de forma definitiva e incondicional ao claustro, desistiu do seu nome de batismo, Fernando de Bulhões, e passou a se chamar Antônio.Viveu intensamente o dia a dia silencioso da sua clausura.
Homem de reconhecida cultura teológica, nem por isso recusou-se a trabalhar na cozinha do seu convento, no mais completo anonimato.
Antônio foi diferente de Francisco de Assis, seu confrade, seu mestre, seu amigo.
O Poverello viveu a vida cantando: antes de ser frade, em noitadas boêmias, na sua Assis querida; e como frater, continuou cantando as maravilhas de Deus. Já Antônio de Pádua, sua história indica não ter sido ele um homem de barulhentas festanças.
João. Este, não é segredo, viveu perambulando pelo deserto, comendo gafanhotos, bebendo mel, e semi-nu. Esteve, portanto, longe do ôba-ôba das cidades.
Em outra crônica, escrevi não entender por que o Batista é festejado com tanto forró e tantos rojões.
Até lembrei que o escritor maranhense Artur Azevedo achava Antônio uma pessoa triste: - "Era uma noite de São João, João Canto,/ Que era um João prazenteiro,/ Não olhava o dinheiro:/ Todos os anos festejava o santo,/ Que andou pelo deserto,/ O corpo mal coberto,/ A comer gafanhotos, e, ao que julgo,/ Foi santo melancólico, e, no entanto,/ Passa aos olhos do vulgo/ Pelo mais brincalhão do calendário."
Mas esqueçamos tudo o que eu acabo de escrever sobre João, Antônio e Pedro, e caiamos, todos, na gandaia, que a noite é joanina.
Chegou junho, o mês do forró, o mês mais alegre do ano. Por essa alegria são responsáveis Antônio, Pedro e João; ou Santo Antônio, São João e São Pedro.
O interessante é que são três santos, cujas vidas nada têm a ver com qualquer tipo de arrasta-pé. Os três tiveram vidas recatadas e entregues a contritas e demoradas meditações.
É claro que os três tiveram seus momentos de descontração. Nada de mais. Apenas seguiram o conselho bíblico encontrado nos Salmos: deveis servir ao Senhor com alegria.
Ou como diziam meus mestres no seminário, no mais apurado latim: Servite Domino in laetitia.
Pedro. À beira do lago de Genesaré, era conhecido como Simão. Um humilde pescador, ele não aparece nos quatro Evangelhos como um cidadão festeiro.
Pelo relato dos escribas canônicos, Pedro mantinha-se discreto ao lado do Mestre, embora exercendo, entre os discípulos, uma indisfarçável liderança.
Tanto que o Rabino não hesitou em confiar-lhe as chaves do Céu - Et tibi dabo claves regni coelorum, fazendo-o chefe da sua Igreja: Tu es Petrus, et super hanc petram aedificabo Ecclesiam meam.
No seu livro "Pedro, O Apóstolo Desconhecido", vejam como Helene Hoerni-Jung, nestes versos, intróito de um longo poema, traça-lhe o perfil: "O pescador/ Homem calado, o pescador/ Sozinho/ Sozinho com a água e o vento/ Sozinho na neblina/ Sozinho, no barco a navegar..."
Me parece, redigo, que o pescador de Cafarnaum não era chegado a estrepitosos festejos.
Antônio. Frei Antonio de Pádua, um português virtuosos, teve uma vida igualmente pacata. Em junho de 1220, vestiu o hábito franciscano.
E para se entregar de forma definitiva e incondicional ao claustro, desistiu do seu nome de batismo, Fernando de Bulhões, e passou a se chamar Antônio.Viveu intensamente o dia a dia silencioso da sua clausura.
Homem de reconhecida cultura teológica, nem por isso recusou-se a trabalhar na cozinha do seu convento, no mais completo anonimato.
Antônio foi diferente de Francisco de Assis, seu confrade, seu mestre, seu amigo.
O Poverello viveu a vida cantando: antes de ser frade, em noitadas boêmias, na sua Assis querida; e como frater, continuou cantando as maravilhas de Deus. Já Antônio de Pádua, sua história indica não ter sido ele um homem de barulhentas festanças.
João. Este, não é segredo, viveu perambulando pelo deserto, comendo gafanhotos, bebendo mel, e semi-nu. Esteve, portanto, longe do ôba-ôba das cidades.
Em outra crônica, escrevi não entender por que o Batista é festejado com tanto forró e tantos rojões.
Até lembrei que o escritor maranhense Artur Azevedo achava Antônio uma pessoa triste: - "Era uma noite de São João, João Canto,/ Que era um João prazenteiro,/ Não olhava o dinheiro:/ Todos os anos festejava o santo,/ Que andou pelo deserto,/ O corpo mal coberto,/ A comer gafanhotos, e, ao que julgo,/ Foi santo melancólico, e, no entanto,/ Passa aos olhos do vulgo/ Pelo mais brincalhão do calendário."
Mas esqueçamos tudo o que eu acabo de escrever sobre João, Antônio e Pedro, e caiamos, todos, na gandaia, que a noite é joanina.