Portugal Pequeno
Muito antigo local de Niterói, o bairro da Ponta d’Areia é conhecido também com Portugal Pequeno.
Espremido entre o mar e a montanha da Penha, o local é antigo, casas seculares e população ainda de portugueses ou descendentes. A atividade principal do lugar é a indústria naval, uma das mais ricas e prósperas do país.
Não se pode desprezar a pesca. Traineiras, canoas e pequenos barcos têm ali seu fundeadouro seguro.
Esta é a vista geral. A particular é muito diferente. O bairro é tranquilo, pois tem só dois acessos. Uma rua e o mar. A única espécie comum de crimes lá praticada é a briga entre os que abusaram da bebida alcoólica.
Portugal Pequeno tem marca indelével. Quem quiser provar as melhores iguarias da terrinha, o lugar é este. Ao longo do cais, margem oposta ao mar, encontram-se bares e principalmente uma série de restaurantes que disputam quem é o melhor na preparação dos pratos de além-mar.
Como não poderia deixar de ser, o forte é o bacalhau. A disputa é grande, tanto nos bolinhos como no prato do peixe com batatas, cebola, pimentão e outros ingredientes, na hora de comer regados de azeite extravirgem.
Quem pensa que é só comida portuguesa está enganado. As melhores feijoadas que em muitas cozinhas famosas são preparadas, em Portugal Pequeno encontram outras rivais bastante sérias. A relativa pobreza do bairro é só aparente. Velhas casas, todas muito bem cuidadas e limpas, mantêm uma tradição da Vila Real da Praia Grande, Nictheroy e hoje Niterói, a única cidade brasileira fundada por um índio, Araribóia, que durante a invasão francesa ajudou com sua tribo na expulsão dos de aqui queriam estabelecer a França Antártica, ganhou a terra onde vivia.
Como nem tudo são flores, um acontecimento brutal, ocorrido há poucos anos atrás, faz-me lembrar do amigo que quando tocava violão, silenciava os presentes. Em Portugal Pequeno há outra tradição, mostrando a riqueza do lugar. É a roda de choros. Exímios instrumentistas choram mesmo, em noites agradáveis das sextas-feiras.
Foi numa dessas que a tocaia se armou. O violonista havia sido policial longos anos. No interior do seu carro, tendo por companhia apenas o seu violão levou tiros mortais. Vingança.
Até hoje, seu nome é lembrado no pequeno e digno bairro niteroiense.