PERFIS MARIENSES (11) – Adinaldo Pontes

O mestre Gonzaga Rodrigues escreveu um dia que “destino, em cidade pequena, é palavra de muita força”. Adinaldo Pontes saiu pelado para João Pessoa, abriram-lhe algumas portas e ele voltou à terrinha com o título de doutor advogado e a cobiça de ser grande na política local. Rapaz pobre e inteligente, cresceu no conceito do povo humilde com seu jeitão despojado e talento na oratória. Nas campanhas políticas, o homem era a estrela dos comícios com seu verbo fácil, seu carisma e trejeitos populistas. Até atingir aquele grau de depuração dos homens talhados para o ofício de líder.

Protegido da família Arruda, até então o clã mandatário do lugar, Adinaldo Pontes logo viu que precisava romper o cordão umbelical com essa corrente política, criando seu próprio grupo e arregimentando forças para chegar ao poder, onde efetivamente chegou ao se eleger prefeito em 1982. Beneficiado com mais dois anos de mandato, governou Mari até 1989.

Se o futuro tiver memória e for perguntado a respeito de Adinaldo Pontes, dirá que foi um homem da elite política mariense que emergiu e tomou corpo por méritos próprios. A emérita vida pública de Adinaldo Pontes tem seus altos e baixos, mas até seus adversários admitem sua capacidade gestora. “Com a sua administração o município iniciou uma nova etapa de desenvolvimento, a qual contou com a implantação de diversas obras na área assistência social e moradia”, informa a cartilha oficial. Depois, conseguiu eleger sua esposa, Vera Pontes, prefeita da cidade. Com uma gestão inábil e desastrada, dona Vera Pontes enterrou a carreira política do marido.

Esse baixinho de brilhante performance na política local tem esse mérito, de elevar-se das sombras de uma vida deficitária para o comando político de sua terra. Cometeu muitos erros, de acordo com a ordem natural das coisas de nossa política. Foi acusado de corrupção. Seus críticos o chamam de populista, outros lembram seu comprometimento com episódios polêmicos como o assassinato de Gilvan Camilo. Enfim, esse homem público pode não servir de parâmetro para a classe política, mas sua verdadeira dimensão de líder carismático não pode ser negada.

Quando prefeito, adotou o lema: “governo humano e amigo”. Chefe influente no meio dos mais humildes, ainda hoje tem liderança no Município. Derrotado nas últimas eleições, Adinaldo Pontes vê seu prestígio caminhar para o ocaso. Do seu antigo grupo político da família Arruda, herdou certos hábitos autoritários, gosto de mando, resíduos de uma cultura coronelista. Mas é inegável o pendor social e humanista do político Adinaldo Pontes.

Conheci Adinaldo como um sujeito popular nas melhores rodas da boemia, desportista emérito e amador de sua Mari. Editava um jornal onde eu escrevia uma coluna chamada “Mosaico”. Dotado de grande poder de comunicação, Adinaldo Pontes, ao primeiro contato verbal com as pessoas, faz admiradores e amigos.

De toda forma, Adinaldo operou uma revolução nos conceitos políticos de sua terra, provando que um sujeito de poucos recursos materiais pode chegar ao poder. Entregou-se ao desafio de governar um município pobre com muito entusiasmo, ajudando a construir o passado mariense. Se cometeu erros, é inegável também que deixou marcas definitivas na política de Mari.

Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 31/05/2009
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