SER OU NÃO SER (COM A PALAVRA O INTESTINO)

O sentimento de inadequação ao mundo sempre esteve presente em minha vida. Agora sei que este fato determinou minhas escolhas. O conflito entre razão e emoção, o concreto e o abstrato, a coerência entre o mundo exterior e interior pautaram as ocasiões em que precisei fazer opções. Problema de minha geração ou reflexos de coisas vividas na infância ou tudo isso junto, quem sabe. Não. Com certeza. Talvez. Só sei que tomar decisões com postura pragmática é uma dificuldade, principalmente quando está em jogo o princípio do perde-ganha, eu na ponta do ganha e na outra ponta um outro que perde. Isto passa a impressão de indecisão e uma certa demora em dar respostas, coisa abominável para o sistema em vigor. Acontece que algumas vezes colocar em sintonia meu sistema de escolhas e o sistema vigente, exige a deflagração de um processo de coordenadas e variantes que resultam na solução da equação, aí sim entro num estágio confortável, sem conflitos, pacífico, com aprovação do eu interno. Quando isto não acontece, há sofrimento, a questão não se esgota na decisão tomada e o assunto fica latente pelo tempo requisitado para a descoberta dos pontos nevrálgicos da circunstância. Parece muito complicado, por isso há muito tempo busco o simples através do auto-conhecimento, o distanciamento da visão romântica da realidade, a aproximação do mais concreto, a atitude de fazer as idéias acontecerem, a busca do pragmatismo. Como isto tem acontecido? Quais as conseqüências? Ouvirei o morador intestino e contarei em doses homeopáticas, para não ficar longo e porque o baú é fundo.

24/05/06

Originalmente publiquei o texto acima com o título "COM A PALAVRA O INTESTINO", significando meu lado íntimo, o eu interior. Depois, percebi que mesmo após a leitura estava predominando apenas um significado da palavra, o órgão do corpo humano. Por isso revisitei o texto e editei o título.

26/05/2006