Gente Chique não ta com nada

Gente chique não ta com nada. A tanto clamur a tanto periquiti, que se esquece de ser feliz. Recentemente fui convidado para tal de Buffet. Melhor se não tivesse ido, não que eu seja mal agradecido, não é isso, nunca vi um lugar onde o povo economiza tanto nas palavras quanto na comida, sem contar, os comentários sórdidos, que acabam de fazer quando as pessoas viram de costa.

Realmente não sou e nem quero ser chique, isso não quer dizer que seja mal educado, ou mal visto, apenas mostrar o meu ponto de vista, sobre situações que gente “elegante” costuma passar.

Feliz mesmo é o povo do bar do Junqueira, lá sim a comido adoidado, sem contar que não ligam para roupa ou um prato chique de entrada. Lá a bóia é de graça, ou se não for, o pessoal do escritório faz uma arrecadação, vinte reais no Máximo de cada um e a festa esta feita. Pode ser carne de segunda, mas o pratinho de churrasco nunca vai faltar, farinha, arroz, maionese e carne adoidado. Sem contar o grupo de pagode da comunidade tocando a noite inteira. Vida boa demais sô, não se compara a aquele jantar, onde o que vale é o quanto se move na bola de valores sobre suas ações, única ação lá, é não ficar parada e dançar, dançar, dançar.

Tem aqueles que ficam de fogo e acham que esta abafando. Começa a cantar alto, querer dançar com todo mundo, e no final acaba dormindo no canto do salão. Outros por sua vez, sempre vão com uma bandejinha, com a desculpa que vai levar uma sobra para o seu cachorro, tadinho do totó que nunca fica sabendo de nada. Imagina só se isso fosse acontecer lá no tal “Buffet” seria um escândalo, aquela gorda chique com colar de diamantes, com a vontade de fazer o mesmo, ia falar o povo sem classe.

Quem vê pensa que não sabemos que ali faz posse, mas em casa bate um rango legal. Não estou me desfazendo pelo convite em si, apenas faço uma comparação, entre o povão da minha comunidade, com aqueles que acham que vivem na realidade, de uma fantasia pra lá do que duvidosa, de trajes e valores que se foi há muito tempo.

Já foi o tempo da dança de salão, homens e mulheres em um traje só. E o alto da festa era a dança mais chata ao mesmo tempo, linda com passinho que até mesmo meu sobrinho de cinco anos pega na primeira. E depois ficavam conversando, sobre fulano, filho de não sei lá das contas, um nobre cavaleiro, que foi neto de barão... Resumindo, mudam os tempos, mudam as roupas, mas não mudam a falsidade de valores irrelevante.

Não sei se sou bem instruído, ou mal informado, o valor de uma pessoa, não se resume apenas em seu bem material. Então porque em uma festa, ou roda de conversa, faz valer o seu bem material? Lá no bar do Junqueira, isso não tem valor. Se fulano ou cicrano é legal - é legal pronto acabo.

Gente de bem, gente de valor, esquece o que realmente importa (O ser humano em geral). Enquanto não mudam essa mentalidade abominável, vou continuar sendo anormal, dentro do meu contexto social. Não quero “Buffet” prefiro sim churrasquinho de gato, e povo animado, pagode a noite inteira. Sou sim do povão e tenho meu valor, gente chique não ta com nada. Bar do Junqueira sim, esse esta a pleno vapor.

Sandro Sansão
Enviado por Sandro Sansão em 30/05/2009
Reeditado em 29/04/2012
Código do texto: T1622604