NOS BRAÇOS DE OUTRO ALGUÉM

 
Quando somos crianças, ou até mesmo adolescentes há algo que nos marca para sempre. E assim certa vez aconteceu com um dos meus melhores amigos, um cara que todo mundo tinha e ainda deveria ter maior apreço, um cara que talvez até muitos não conhecendo a sua história , chega a zombar dele, criticam, ironizam , chamam-no de drogado, vagabundo, coisa e tal.

E certamente não chega a ser diferente, quando menos algo se ignora, chamam-no essas pobres almas carentes de cheira-cola e cachaceiro. Muitos dos amigos certamente não gostam. Mas infelizmente muitos dão pano pra manga, dão o braço a torcer, fazem coisas que realmente deixa a desejar.

Pois, não faz muito tempo, esse amigo, posso ainda chamá-lo assim, porque quando somos amigos, até debaixo d’água com um amigo podemos contar, e ele pode contar comigo quando eu o encontrei num lugar ermo da cidade de Duque de Caxias, cidade fluminense, estava jogado numa calçada qualquer completamente bêbado, e muitos que passavam o ignorava, apenas entre eles comentavam com palavrões, tipo: esse filho de uma mãe, está bêbado e jogado ao léu , ainda mais fardado.

Realmente ele se encontrava fardado, e quando me viu começou a chorar, disse-me que tinha deserdado da marinha, e se alguém o denunciasse com certeza iria preso sem nada poder falar. E desde aquele momento pude perceber, porque ele se embriagava tanto.
Menino bom, que logo conheceu o outro lado da moeda daquele que ama. E isto pude bem comprovar, e assim para bem entender. Porque, Salazar, nome fictício. Era loucamente apaixonado por uma garota que para ele, ela era certamente tudo. Porém seus pais não aceitavam aquele relacionamento dos jovens.

Ela bem mais nova que ele, procurara fazer de tudo para que seus pais aceitassem aquele namoro. Já que Salazar apesar de não ser tão abastado quanto os pais dela.

Era sim, um excelente rapaz, um bom estudante, daqueles estudantes que certamente hoje não se encontra mais, daqueles que não ficava devendo nada.

Todavia o tempo fora com eles ingrato e o vento nem sequer sua dor aliviou. O pai de Raquel fora de repente transferido para outro estado; se estou certo para algum lugar onde precisavam de seus préstimos. Se assim eu não me engano, fora para Brasília. E mesmo querendo resistir aos seus familiares, ela teve que realmente seguir. Já passado algum tempo ele por não receber mais suas correspondências viajou para onde aquela menina residia.

E foi ai que aconteceu tudo que ele menos esperava os pais dela contentíssimo por ter conseguido simplesmente afastá-la para sempre ele do caminho dela, e quem não suportou foi aquele que jamais de nada reclamou. E desde, deste momento, mesmo sem querer, e nem mesmo ter alguma explicação ele encontrou aquela, que tanto amara nos braços de outro alguém, o mesmo beijando-lhe a boca , o mundo pra ele caiu, deixando-lhe entristecido, e no primeiro botequim de esquina tentou afagar a sua alma.  

Assim, este amigo vive até hoje carregando essa dor deixada por aquela que ele tanto amou, mas jamais entendera que quem mais amou fora ele.