É pra você!
Foi por você que eu parti o fio e o que "estava por", já foi.
Tinha esperança de que a paciência não se limitasse aqui... pensei que pudesse me acompanhar com esse sentimento de passividade, outra légua ou ao menos até a esquina, logo ali...
Mas à minha paciência peço licensa, apenas para gritar por esse instante, o instante de um desabafo:
- Eu te amo!
Me lembro de como quando da tua presença eu desejo apenas não ter compromisso com ninguém além da porta, sequer recordar que há tanta vida lá fora e me aquietar em teus braços, sim, nesse abrigo anti-nuclear, teu abraço. Ergo os olhos para além de minhas lembranças e vejo tuas marcas à volta, por um momento aspiro o teu perfume, mas você não está aqui.
- Ai, Deus... como dói a ausência!
Penso então que à semelhança de Deus é o homem, reconheço minha humanidade e falo à mim mesma:
- Que figura solitária o céu há de habitar!
Então trato de não incomodar mais à Deus.
Se de Deus é o amor incondicional, aqui embaixo sob condições, e muitas, vivemos e amamos...
eis aqui o meu amor em condicional
sim, porque eu amo em condicional
como um prisioneiro condenado em cárcere semi-aberto
me engano que sou livre e passo o dia longe de você
pra todos os dias voltar
não sou capaz de ir pra longe, deixar o estado, sair do país
não consinto que esse amor fuja de meu peito
se sou cativa,o sou por escolha
é esse amor quem me torna tua serviçal, tua prisioneira... tua enfim.
O meu amor é incondicional, mas eu sou tua em condicional.
Meu amor, recoloque em mim tuas algemas!
Me condene à perpetuidade ao teu lado.