É pra você!

Foi por você que eu parti o fio e o que "estava por", já foi.

Tinha esperança de que a paciência não se limitasse aqui... pensei que pudesse me acompanhar com esse sentimento de passividade, outra légua ou ao menos até a esquina, logo ali...

Mas à minha paciência peço licensa, apenas para gritar por esse instante, o instante de um desabafo:

- Eu te amo!

Me lembro de como quando da tua presença eu desejo apenas não ter compromisso com ninguém além da porta, sequer recordar que há tanta vida lá fora e me aquietar em teus braços, sim, nesse abrigo anti-nuclear, teu abraço. Ergo os olhos para além de minhas lembranças e vejo tuas marcas à volta, por um momento aspiro o teu perfume, mas você não está aqui.

- Ai, Deus... como dói a ausência!

Penso então que à semelhança de Deus é o homem, reconheço minha humanidade e falo à mim mesma:

- Que figura solitária o céu há de habitar!

Então trato de não incomodar mais à Deus.

Se de Deus é o amor incondicional, aqui embaixo sob condições, e muitas, vivemos e amamos...

eis aqui o meu amor em condicional

sim, porque eu amo em condicional

como um prisioneiro condenado em cárcere semi-aberto

me engano que sou livre e passo o dia longe de você

pra todos os dias voltar

não sou capaz de ir pra longe, deixar o estado, sair do país

não consinto que esse amor fuja de meu peito

se sou cativa,o sou por escolha

é esse amor quem me torna tua serviçal, tua prisioneira... tua enfim.

O meu amor é incondicional, mas eu sou tua em condicional.

Meu amor, recoloque em mim tuas algemas!

Me condene à perpetuidade ao teu lado.

Ingrid Fernandes
Enviado por Ingrid Fernandes em 29/05/2009
Código do texto: T1621047
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