Obrigado, obrigado...

Obrigado Dona Verve que me presenteou com um lindo exemplar de Pietro Aretino. Não tenho palavras para justificar o agradecimento. Desejo agradecer também aos Viscondes das Parcelas pelo prazer da feijoadas com laranja fictícia. Obrigado pela decisão do campeonato, muito favorável ao meu desgosto. Obrigado ao raio de luz nascente no canto dos meus olhos na hora do ledo espanto.

Obrigado pela pizza toscana de domingo na casa dos juros altos. Muito obrigado pelo atendimento ambulatorial precário na hora do grave acidente vascular financeiro. Obrigado pela gaze reutilizada, todavia ideal para o momento de sangue coagulando nas cifras da ruina. Obrigado ao táxi. Obrigado ao ovo estrelado com arroz reservado para mim no cardápio durante o almoço fino das autoridades. Muito obrigado aos insetos que a título de defesa acusam o pobre cliente de numerários vazios no processo K, de Kafka. Válido para todos os termos da apreciação.

Grato pela ética afável que oculta o grande erro como se tudo não passasse de gracinha. Obrigado ao imbecil da decadente Casa de Discos Velhos, sujeito cretino, que deu testemunho falso da realidade aparente, mas visível para o caso. Também agradeço a horda de malfeitores que cortam créditos na hora do desenvolvimento.

Obrigado ao que reza cuidando apenas do seu lugar no céu de espumas estreladas. Criaturas abomináveis na inveja e no horror a criatividade alheia. Obrigado por existirem pisando sobre a fétida carcaça do tempo presente. Obrigado ao Raimundo que virou outro depois de aparecer em novela. Obrigado ao eleitor que votou em mim para que eu tivesse a audácia de querer representá-lo absolutante sozinho no mundo cão. Totalmente grato ao conjunto orquestrado de mentiras escritas sobre minha pessoa no processo jamais defendido graças a imprevisão da grande representação arbitrária desse belíssimo amparo. Obrigado de coração aos incríveis cínicos da sutileza superjacente, enquanto eu apenas desejava publicar um livro. Obrigado pelos que elaboraram com frieza técnica todo um tratado imundo de coisa abjeta para crescer em juros sobre o suor pacífico desse modesto trabalhador intelectual.

Meu muito obrigado pelos grandes numeros da dívida impagável. Penhorado respeito a esses homens de terno que seguem arruinando lentamente o mundo até transformá-lo em supermercado global. Mundo artificial de matéria prima global. Obrigado, apesar da gentileza pesporrente sobre a minha carantonha de velho libertário. Ou niilista? Ou libertário e niilista? Pouco importa a minha gratidão de chistes. O que vale é a lembrança de tantos momentos infelizes vividos a título eleitoral de generosidade. Esse amor denodado a essas doces criaturas adoráveis que prestigiaram o meu fracasso com elevado nível técnico de apreciação. Eficientes inúteis no trabalho da desconstrução total de um homem só. A todos estes jururus o meu obrigado como vingança. Única retaliação disponível para o atraso das prestações, além das tolices emendadas ao meu nome de fetiche.*

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*Todas as matérias escritas nestas páginas do Recanto das Letras são de natureza virtual. Ficção virtual. Qualquer semelhança com a vida real é mera coindicência.