Love is blind

“Love is blind, as far as the eye can see” (Spice Girls)

Não me lembro de nenhuma outra música que fale sobre o amor ser cego. E como é.

Os contos infantis (A bela e a fera, Shrek e outros que eu nunca ouvi) tentam mostrar que quando há amor, só existe beleza no objeto amado. Belchior cantou, sobre os sonhos da juventude, que ‘daí o money entra em cena e arrasa’. Com as meninas acontece a mesma coisa. Elas são criadas para buscar o príncipe encantado (cuja definição mudou MUITO) e viver o amor eterno. Mas na adolescência descobrem que na verdade não existe o príncipe, e passam a pensar que também não existe o amor.

Se não existe o amor, de nada adianta as qualidades que ela tem enquanto pessoa. Ela precisa mesmo é ser gostosa para poder conquistar um cara gostoso e com dinheiro (que é a nova definição de príncipe, mas que perdeu todo o encanto). Enquanto não acha, ela vai se exibindo para as amigas com os gatos que encontra pela rua. (vocês se lembram da peça ‘Todo Gato Vira Lata Tem Uma Vida Sexual Mais Ativa Do Que a Nossa’?)

Neste momento a futilidade tomou conta de todos os espaços onde ainda poderia nascer alguma qualidade e a menina só tem corpo e rosto. E só quer corpo e rosto.

Vamos imaginar este casal: o que pode sair daí? (foto do blog LoirinhaTurbinada)

casal

O cara deve ser modelo e personal trainner. Quantas mulheres devem dar em cima dele por dia? Tudo bem que a mulher dele é gostosa, mas deve ser complicadíssimo pra ele resistir à tentação.

E por que ele vai negar? Seu cérebro foi forjado para pegar o máximo possível de mulheres no menor espaço de tempo (instinto de preservação da espécie).

Na verdade, a mulher dele nem é tão gostosa assim, mas chama a atenção (nem que seja pelo rosto de travesti mal-montado) e sacia o desejo dele de se exibir mais ainda quando anda pela rua.

E a mulher? Claro que todos os pedreiros da cidade vão cantar ela, mas além deles, alguns empresários bem-sucedidos mas mal-casados vão lhe oferecer um passeio numa BMW, um jantar na Lagoa e um fim-de-noite no Mirante (tenho que parar de ouvir funk).

E por que ela vai negar? Ela foi criada para querer o príncipe encantado, e seu cérebro reconhece que este príncipe é uma mistura de seu marido gostoso com seu amante rico.

E como termina esta história? Termina com ela chorando porque o cara traiu e ele feliz pegando um monte de outras mulheres gostosas, afinal de contas, os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor.

Por isso eu idolatro Vitor Belfort e Joana Prado.O casal

Aliás, uma descambadinha pra política: eu acredito muito mais no lutador e na Feiticeira do que em qualquer pessoa que vista um terno e vá para a televisão dizer que vai fazer alguma coisa pela população. Talvez eu só acredite em algum político no dia em que aparecer um dizendo ‘votem em mim; vou roubar mas vou fazer’.

Voltando para a contraproducente beleza do casal…

Não tenho base empírica para dizer isso, mas acredito que nada seja melhor do que ter a consciência de que a nossa maior beleza não vai se deteriorar com o passar do tempo.

Quando atraímos alguém simplesmente pela beleza que temos, à medida que o tempo passa e a beleza diminui, a atração vai diminuir, também. Deve ser triste olhar para o espelho e ver que aquilo que temos de melhor está acabando. Em contrapartida, com experiência pessoal, digo que é muito bom ver que com o passar dos anos eu estou mais culto, mais compreensivo, mais paciente…

Claro que é necessário uma certa ‘apresentabilidade’, mas precisamos ter em mente que quem ama não vê os defeitos. Além de não ver os defeitos, potencializa as mínimas qualidades.

Então, na boa, dê uma penteada no cabelo, escove os dentes e seja feliz!

———————————————————

MOMENTO POÉTICO:

Amantes, amentes. (Terêncio)