Antes que maio acabe...Antes que maio acabe preciso escrever sobre ele. E descubro que não sei nada sobre este mês a não ser o óbvio. E então busco o Google para saber mais. Há quase unanimidade sobre a origem do nome – vem de Maia, uma deusa, não dos índios homônimos, os Maias. Uma ou outra divergência não vai fazer diferença. Sei lá por que Ovídio dizia que esse era o mês do conhecimento. Não sei de onde as pessoas tiram essas coisas, mas tiram. Está ali também, no Santo Google ao qual recorro todos os santos dias: Maia e Maria significam as mesmas coisas. Discordo: eu não sou Maia Olímpia. A mãe de Jesus se chamava Maria e a de Buda Maia – mas e daí? O que se quer dizer com isso? Que uma foi a reencarnação da outra? Espero que as coisas não sejam tão simplistas assim apesar de se justificar o fato de maio ser considerado o mês de Maria. Esotéricos, não posso afirmar que sejam todos, garantem que a palavra maia representa a mente que se liberta do corpo e alcança conscientemente grandes distâncias. Isto sem dúvida eu gostei. Achei bonito. Queria ter uma mente assim. A Deusa Maia era uma das sete filhas de Atlas e mãe de Mercúrio (Hermes) aquele das asas nos pés. Talvez por isso o mês passe tão depressa embora tenha trinta e um dias. Aí até que temos algo em comum, pois fazemos parte de uma coletividade diferente: a das sete irmãs. Assim como ela eu tenho seis irmãs e somos as primogênitas, mas espero não ter o mesmo destino que elas: o pai de Mercúrio, para protegê-la da perseguição do gigante Orion, colocou-as no céu e elas se transformaram em estrelas – a constelação das Plêiades. Eu sinceramente preferia ser estrela aqui mesmo. Para mim o mês de maio tem um interesse mais pessoal porque nele se comemora alguns aniversários. Meu pai e Dudu nasceram no dia vinte e um. Também no dia três é o aniversário de uma de minhas seis irmãs, a Marilda. E o Valério, sobrinho que nasceu no dia dedicado a deusa Maia- quinze. Mas a data realmente inesquecível deste mês é o dia vinte – porque foi nesse dia que meu primeiro irmão morreu. E embora ele seja inesquecível é nesse mês que ele se torna mais inesquecível ainda. Tarcísio era uma pessoa muito simples. Um puro. Dele tenho inúmeras lembranças, mas a que mais me comove é a lembrança trazida por um sonho: ele já havia morrido e no sonho eu tinha ido até sua casa para falar com ele. Mas ele não estava. Fui até o quintal e o encontrei – estava lá, do outro lado da cerca de bambu, em um jardim de girassóis, caminhando em direção a Luz: aí , como se pressentindo a minha presença ele se volta para mim, acenando. Ele se despediu de mim no sonho e foi a partir desse sonho que parei de chorar. Mas nunca de lembrar. Maia era a Deusa de muitas coisas, segundo minha pesquisa. Nem vale aqui dizer. Mas era também a deusa da Luz. Por isso espero que ela o tenha levado através dos caminhos onde ela reinava. E o transformado em uma estrela que continua a iluminar a minha vida.M