Xixi no banheiro
Quando vi a conta de água do meu prédio, tomei um susto.
Este mês, meu hidrômetro foi malvado. Vomitou uma fatura que por pouco não fez um descomunal estrago no bolso deste pobre assalariado.
Até o porteiro do meu edifício, um senhor discreto e monossilábico, mostrou-se horrorizado, e, espantado, perguntou: "Pra onde foi tanta água, meu Deus?"
Por isso ou aquilo, o certo é que, por culpa da santa água vou ter que pagar uma taxa de condomínio elevadíssima.
Mas já disse que não será por isso que renunciarei aos meus demorados banhos.
Neste particular, apresar de cristão batizado, não comungo com a tese de São Jerônimo, que teria dito o seguinte: "Aquele que foi banhado em Cristo, não carece de um segundo banho."
Acredita-se, que alguns santos, pensando como São Jerônimo, teriam fugido dos chuveiros.
E por falar em banho, continuo pensando se devo ou não fazer xixi enquanto estiver no banheiro, desfrutando das delícias do meu chuveiro, o mais torrencial e prezeroso do Universo.
Segundo matéria veiculada no Jornal Nacional, esta seria uma maneira de se economizar água: o xixi sai pelo ralo, levado pela enxurrada.
Com essa providência, se evita acionar a descarga dos vasos sanitários, que determinam, isto é verdade, um exagerado consumo d ´água.
Como se trata da quebra violenta de um costume civilizado,não tenho pressa em decidir se devo ou não desistir, de vez, de fazer meu pipizinho obedecendo ao vetusto e tradicional rito, ou seja, usando solenemente o vaso sanitário.
Vou dar tempo ao tempo, como aconselhava meu ínclito bisavô materno que, me confidenciou minha falecida mãe, era dono de uma impressionante sapiência matuta.
Muito bem. No momento, estou lendo Passando a Limpo - O banho: da Roma antiga até hoje, da escritora Katherine Ashenbug.
Trata-se de um extraordinário trabalho de pesquisa concentrado em aproximadamente trezentas páginas.
É a encantadora história do banho.
Numa dessas minhas passagens por Roma, os guias me mostraram, além das igrejas, monumentos e o Vaticano, ruínas de seculares banheiros públicos.
Dei pouca importância a essas ruínas. Estava deslumbrado com a beleza da Fontana di Trevi e da Piazza Navona.
Como em Roma até suas mais esquecidas e distantes ruínas têm valor inestimável e considerável significado histórico, poderia ter ficado mais ligado nos comentários dos guias sobre esses banheiros, segundo Katherine, "a mais democrática instituição romana".
Embora construídos pelos imperadores, e por eles usados à exaustão, eles também eram frequentados pelo povo, sem distinção de classe.
O livro vai mostrando como os romanos do primeiro século curtiam os banheiros públicos, que eles chamaram de Termas.
Cada imperador construia suas Termas, envoltas no maior luxo.
Na história de Roma, entre as mais célebres estão as Termas de Agripa (25 a.C); de Nero; de Caracala (216-17); e a de Dioclécio, que data de 298-306.
Dessas, as Termas do imperador Caracala ainda se pode apreciar-lhes as ruínas. Uma vez em Roma, visite-as.
Pelo relato de Katherine Ashenburg, as Termas terminaram se transformando em "um ponto de encontro de múltiplas finalidades".
Em seu derredor, se fechava negócios; flertava-se; fazia-se política, etc.,etc.
Eram visitadas por prostitutas e curandeiros. E, diz a escritora, nas Termas , "era possivel - pasmem! - fazer sexo..."
Ai tive a preocupação de procurar saber se nesses banheiros públicos, ao se banharem, os romanos também faziam um xixizinho... Sim, era um dado histórico a conferir.
Não li no livro nada sobre isso.
Todavia, pela promiscuidade que parecia reinar em cada Terma, não é só possível como provável, que o cidadão da Roma imperial tenha, como se diz hoje, tirado água do joelho, enquanto mergulhado num desses formidáveis banhos.
Quando vi a conta de água do meu prédio, tomei um susto.
Este mês, meu hidrômetro foi malvado. Vomitou uma fatura que por pouco não fez um descomunal estrago no bolso deste pobre assalariado.
Até o porteiro do meu edifício, um senhor discreto e monossilábico, mostrou-se horrorizado, e, espantado, perguntou: "Pra onde foi tanta água, meu Deus?"
Por isso ou aquilo, o certo é que, por culpa da santa água vou ter que pagar uma taxa de condomínio elevadíssima.
Mas já disse que não será por isso que renunciarei aos meus demorados banhos.
Neste particular, apresar de cristão batizado, não comungo com a tese de São Jerônimo, que teria dito o seguinte: "Aquele que foi banhado em Cristo, não carece de um segundo banho."
Acredita-se, que alguns santos, pensando como São Jerônimo, teriam fugido dos chuveiros.
E por falar em banho, continuo pensando se devo ou não fazer xixi enquanto estiver no banheiro, desfrutando das delícias do meu chuveiro, o mais torrencial e prezeroso do Universo.
Segundo matéria veiculada no Jornal Nacional, esta seria uma maneira de se economizar água: o xixi sai pelo ralo, levado pela enxurrada.
Com essa providência, se evita acionar a descarga dos vasos sanitários, que determinam, isto é verdade, um exagerado consumo d ´água.
Como se trata da quebra violenta de um costume civilizado,não tenho pressa em decidir se devo ou não desistir, de vez, de fazer meu pipizinho obedecendo ao vetusto e tradicional rito, ou seja, usando solenemente o vaso sanitário.
Vou dar tempo ao tempo, como aconselhava meu ínclito bisavô materno que, me confidenciou minha falecida mãe, era dono de uma impressionante sapiência matuta.
Muito bem. No momento, estou lendo Passando a Limpo - O banho: da Roma antiga até hoje, da escritora Katherine Ashenbug.
Trata-se de um extraordinário trabalho de pesquisa concentrado em aproximadamente trezentas páginas.
É a encantadora história do banho.
Numa dessas minhas passagens por Roma, os guias me mostraram, além das igrejas, monumentos e o Vaticano, ruínas de seculares banheiros públicos.
Dei pouca importância a essas ruínas. Estava deslumbrado com a beleza da Fontana di Trevi e da Piazza Navona.
Como em Roma até suas mais esquecidas e distantes ruínas têm valor inestimável e considerável significado histórico, poderia ter ficado mais ligado nos comentários dos guias sobre esses banheiros, segundo Katherine, "a mais democrática instituição romana".
Embora construídos pelos imperadores, e por eles usados à exaustão, eles também eram frequentados pelo povo, sem distinção de classe.
O livro vai mostrando como os romanos do primeiro século curtiam os banheiros públicos, que eles chamaram de Termas.
Cada imperador construia suas Termas, envoltas no maior luxo.
Na história de Roma, entre as mais célebres estão as Termas de Agripa (25 a.C); de Nero; de Caracala (216-17); e a de Dioclécio, que data de 298-306.
Dessas, as Termas do imperador Caracala ainda se pode apreciar-lhes as ruínas. Uma vez em Roma, visite-as.
Pelo relato de Katherine Ashenburg, as Termas terminaram se transformando em "um ponto de encontro de múltiplas finalidades".
Em seu derredor, se fechava negócios; flertava-se; fazia-se política, etc.,etc.
Eram visitadas por prostitutas e curandeiros. E, diz a escritora, nas Termas , "era possivel - pasmem! - fazer sexo..."
Ai tive a preocupação de procurar saber se nesses banheiros públicos, ao se banharem, os romanos também faziam um xixizinho... Sim, era um dado histórico a conferir.
Não li no livro nada sobre isso.
Todavia, pela promiscuidade que parecia reinar em cada Terma, não é só possível como provável, que o cidadão da Roma imperial tenha, como se diz hoje, tirado água do joelho, enquanto mergulhado num desses formidáveis banhos.