EDUCAR, A ARTE DE ENSINAR APRENDENDO

O dicionário Aurélio nos dá a definição de EDUCAR como sendo o ato de “promover o desenvolvimento da capacidade intelectual, moral e física de alguém ou de si mesmo”.

Não querendo contestá-lo, vou um pouco mais adiante: para mim, educar é a arte de ensinar aprendendo. E hoje, valendo-me dessa arte, posso garantir que muito aprendi durante o meu convívio com ela; não o suficiente para considerar-me um artista, mas o bastante para fazer dela o meu estandarte na luta pela propagação do aprendizado.

Aprendi que as grandes conquistas não vêm por meio da opressão, do autoritarismo, da subjugação, mas por meio da sapiência, da paciência e da determinação;

Aprendi que os grandes Mestres surgem não do grau de conhecimento adquirido, mas do nível dos cidadãos que por eles são formados;

Aprendi que um BOM-DIA acompanhado de um singelo e sincero SORRISO pode recuperar a auto-estima de quem o recebe, pode salvar uma vida, pode consertar o mundo cujo futuro está nas mãos desses cidadãos que por nós estão sendo formados, moldados, lapidados...

Aprendi que nem os dedos das nossas próprias mãos são iguais, por isso não podemos (e não devemos) exigir que alguém seja igual àquela pessoa por quem temos admiração, de quem nos orgulhamos muito;

Aprendi que a juventude é inconsequente, mas quem um dia não foi jovem?... Quem alguma vez não foi inconsequente?

Aprendi que quando se perde a bússola da lucidez, é preciso ter PULSO FORTE para controlar o leme da nau da juventude, evitando assim que ela se desgoverne e se afaste de vez dos seus objetivos, dos seus sonhos, dos seus projetos de vida;

Aprendi que saber ouvir e aceitar uma CRÍTICA fortalece-nos, engrandece-nos, enriquece-nos... Mas não saber como fazê-la pode nos levar a cometer erros irreparáveis, e, como consequência disso, nos trazer aborrecimentos, intrigas, estresse...

Aprendi que o céu é azul não por acaso, mas porque o azul é a cor do infinito; assim sendo, também é a cor dos nossos sonhos, é a cor do APRENDER;

Aprendi que as pessoas se vão, mas ficam em nossos corações, em nossas mentes, a lembrança e a saudade daqueles que nos conquistaram e por nós foram conquistados; daqueles que nos aborreceram e por nós foram aborrecidos; daqueles que, enquanto aprendiam conosco, também nos ensinavam. E nessa arte de ensinar aprendendo, aprendi muito mais do que ensinei; aprendi, inclusive, a gostar, a respeitar e a admirar todos os alunos, do jeitinho que eles são: inconsequentes, aborrecentes, adolescentes...

Enfim, parafraseando Ernesto Che Guevara, aprendi que “hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás”, ou seja, às vezes é preciso ser rígido, porém sem deixar que essa rigidez se sobreponha ao poder de persuasão das nossas palavras, à ternura dos nossos gestos, à reciprocidade do sentimento de RESPEITO, à “cumplicidade” da palavra AMIGO, à grandeza e à eloqüência do ato de EDUCAR...

(texto lido na colação de grau dos formandos do Centro Educacional Delta, em dezembro de 2005)