O dia em que D. Pedro II quase morre de fome em Pilar
O escritor e usineiro falido Marcos Odilon (arrumou emprego de prefeito em Santa Rita), queimou o filme com a cidade de Pilar, ao afirmar em livro de sua autoria,"Filhos de Deus", que o Imperador D. Pedro II, ao visitar aquela cidade, no fim do século XIX, passou uma fome de lascar. Contou que, naquela época, se comia mal e pouco na Província da Parahyba do Norte. O cardápio, invariavelmente, era constituído de carne seca, farinha e rapadura, além do queijo de coalho duro, quase estragado. Sabendo disso, o Presidente da Província mandou um conto de réis para a vila de Pilar providenciar os mantimentos para o Imperador, que era chegado a uma mesa farta. Só que o dinheiro foi entregue ao tio avô de José Lins do Rego para organizar os comes e bebes, e ele embolsou a prata, deixando de investir na recepção de D. Pedro. Chegando a Pilar, o Imperador bebeu apenas água do pote. Não havia nada para o almoço e o jantar. Nosso Imperador, para desapontamento de Marcos Odilon, que é monarquista roxo, passou o tempo todo em jejum, saindo de Pilar arretado, fulo da vida, amaldiçoando todo mundo da várzea do Rio Paraíba, gente sem educação, que não sabe receber um Imperador e, além do mais, "amigo do alheio", no caso os recursos públicos que, já naquela época, eram desviados. Usando dos seus poderes de soberano, que detém o poder absoluto, D. Pedro deu ordens para prenderem o tio avô de Zé Lins, responsável pela recepção que não houve. O pobre homem, precursor dos larápios do dinheiro público, foi preso e conduzido a pé para a Capital, escoltado pelo furriel.
Nesse mesmo livro, Marcos Odilon arruma outra intriga com a cidade de Sapé, ao garantir que Augusto dos Anjos não nasceu na antiga Capital do Abacaxi, mas em João Pessoa, (Parahyba). O homem é chegado a uma polêmica. Afirma, por exemplo, que os índios brasileiros não comiam gente. Se muito, beliscavam. Diz que um tal de Bispo Sardinha foi comido pelos tubinambás, mas é mentira, conforme Odilon. O bispo, apesar do nome, não era fruto comestível para os índios, que preferiam paca, tatu, macaco ou as próprias índias.
Na realidade, Marcos Odilon gosta de uma controvérsia, e fica fazendo essas releituras da história, lançando chacotas contra as cidadezinhas e elogiando ditadores como Emílio Médici, corruptos como o Papa Leão X e regimes políticos ultrapassados. Por exemplo, nesse livro já citado, Odilon defende a candidatura de Antonio Carlos Magalhães para Presidente do Brasil. "Quem for vivo verá o Brasil em boas mãos, sob um comando firme, falando forte e se impondo", advoga o escritor monarquista, sobre a suposta candidatura de ACM.
Mas eu boto tudo na conta do humorista nato que é o atual prefeito de Santa Rita. Ele escreve com feição irônica sobre os fatos da história, e ninguém fica sabendo se fala a verdade ou está apenas gozando com a cara do freguês. Sobre a Segunda Guerra Mundial, Odilon garante que Getúlio Vargas gostava de “raparigar”, e os navios, por causa da guerra, não estavam podendo trazer as raparigas da velha Europa. O Presidente chegou à conclusão de que o Brasil tinha que decidir a parada. Chamou os seus generais, criou a FEB e mandou para a Itália. Ao saber da decisão brasileira, Hitler e Mussolini estremeceram nas bases e levantaram a bandeira da paz, que ninguém é besta.