I WANT TO BE ALONE (?)...
Para não me deixar vencer pelas artimanhas da sorte, tenho que escolher as cartas, cuidadosamente, sem perder o jogo. Embora, confesso, odeio jogos, onde se constata as maiores desonestidades praticadas. Cartas perigosas. Cartas marcadas.
Por outro lado, se eu não jogar, serei sempre a perdedora. Cansei! De ser o que sou – e de tentar ser o que não sou. Quero sair às ruas de cabeça erguida, sem ter vergonha de mim. Sem a sensação de ser mais ou menos – apenas igual a todo mundo.
Eu quero desvendar os segredos que tentam me esconder e que estão escancarados! Quero vencer os desafios, correr riscos, enfrentar os vendavais, tomar chuva, sem medo de pegar resfriado. Esquecer, por momentos o que dizia minha mãe: - Menina, saia da chuva, venha tomar um banho quente, ou vai ficar doente! Era amor – mas eu quero esquecer!
Quero sair sem me agasalhar no inverno e não sentir frio. Quero continuar assistindo os rios correrem na direção certa, sem que o homem interfira em seus cursos - por seus interesses. Não quero mais sentir cansaço. Nem a sensação de fracasso que inibe a criação, transformando-nos em nada. Ou em robôs mercenários.
Prefiro ouvir os pingos da chuva no telhado ao irritante som de alguém desembrulhando papel de bala ao meu lado, no cinema. Neste patamar de vivência em que me encontro, dou-me o direito de calar-me quando não mais suportar nem o som de minha própria voz! Eu prefiro o silêncio de mim mesma... Só quero ficar na minha!