Uma Cidade, Uma Flor
Hoje pela manhã,
vi uma flor que me levou a pensar em um pedacinho de minha infância,
pois essa flor é nativa na pequena cidade que nasci.
Vou contar uma pequena passagem da minha bela e linda infância que envolvi a cidade que nasci e a flor.
Nasci no interior de Goiás em uma pequenina cidade que fica a 88 km de Goiânia.
Não sei se a cidade que nasci deveria ser chamada na época da minha infância de vila, aldeia ou distrito,
de tão pequena que era.
Tudo que sei é que,
onde nasci às pessoas dizia que lá era uma corruptela,
como também não sei se esse nome está correto.
Mas, é assim que as pessoas costumam chamar as pequenas cidades do interior de Goiás.
O tamanho de minha cidade era de três ruas na vertical e quatro ruas na horizontal,
lá não existia energia elétrica,
água tratada,
nenhum tipo de infra-estrutura e nem saneamento básico,
quem possuía um rádio de pilha era rico.
Para preparar os alimentos,
usava-se fogão a lenha,
não desse comprados em lojas,
conhecidos como fogões catarinenses.
Mas sim, feito de tijolos, cal e areia.
A noite para iluminar as casas usava-se lamparina,
para tomar banho usava-se chuveiro feito de balde,
onde colocava água quente,
mas não podia ficar com o registro dele aberto direto porque se não a água acabava no meio do banho.
Contando tudo isso,
todos devem estar pensando que sou bem velha,
mas só tenho quarenta e sete anos,
então não faz tanto tempo assim.
Como falei no inicio sobre a flor,
ela em minha cidade era nativa bastava uma chuva para fazê-la brotar e florir para a cidade toda fica linda!
Não sei como é o nome dessa flor,
só sei que lá era conhecida como moça velha.
Essa flor é muito simples,
ela pode florir com pétalas simples ou dobradas,
de todas as cores.
Quando essa flor floria,
a cidade ficava como se fosse encantada,
por causa do lindo colorido delas e
por causa da grande quantidade de borboletas, de todas as cores e tamanho.
Como eu gostava de passear no meio delas,
de colher essas flores,
para brincar de mal-me-quer e bem-me-quer, de enfeitar os cabelos com elas.
E também de pegar suas pétalas,
passar cospe e colocar nas unhas,
para assim dizer que
minhas unhas eram grandes e esmaltadas.
Fazer isso levava muito tempo,
porque fazer as pétalas ficar coladas nas unhas com cuspe era muito difícil,
requer uma grande paciência.
E hoje quando vi essa pequena flor no jardim da cidade.
Onde hoje moro,
lembrei-me dessa linda passagem da minha infância,
onde a pureza,
a simplicidade e inocência existiam.
Pois a maldade,
não era conhecida entre seus habitantes.
Tanto é que as portas das casas que dava para a rua,
ficava aberto o dia todo,
só era fechada a noite na hora de dormir.
Lá os vizinhos era amigos uns dos outros.
À noite,
sentava-se nas portas das casas para contar casos,
conversar uns com os outros.
Às vezes penso que,
é devido a minha infância que sempre gosto de falar de um mundo encantado de
sonhos e fantasias.
Porque eu vivi nesse mundo em
minha infância.
Lucimar Alves