RESPEITO HUMANO É FUNDAMENTAL

O personagem dessa crônica é conhecido por todos aqui da Rua Dª Eloá e adjacências por ZOINHO. Raríssimas pessoas sabem seu nome verdadeiro. E mesmo sabendo só o chama por esse apelido esdrúxulo, mas que ele o aceita sem problema algum. A origem do mesmo é bem provável que tenha sido quando esse senhor começou na vida de alcoólatra. Então, nessas circunstâncias, seus olhos ficavam mais fechados. Daí, quem sabe, a alcunha: ZOINHO.

Acontece que, graças ao AA (Alcoólicos Anônimos) e, principalmente a sua força de vontade, com ajuda de alguns remédios e orientações frequentes, ele deu um basta no seu vício. Foi uma brilhante e saudável atitude. Para surpresa dos seus “amigos” e “colegas” de copo, aquilo parecia brincadeira. Era coisa passageira. Mas mesmo com toda essa desconfiança, o referido senhor tornou-se um abstêmio, continuando apenas com o tabagismo, cujo mal, por ser mais lento do que o da bebida, ele resolveu optar por esse último. E de tanto fumar, pedindo a um e a outro, o seu apelido poderia até ser mudado para “FUMAÇA”. Porém, continuou com o mesmo. É lamentável e impressionante como esse senhor fuma!...

Mas o que eu pretendo falar sobre esse personagem, apesar desse preâmbulo etílico e fumacento, é o seguinte: uma atitude repentina dele ao responder a um comerciante (dono de um bar onde ele era um freguês assíduo) deixou o autor dessa crônica com mais certeza de que todo o ser humano, por mais humilde, simples, pobre que seja, merece todo respeito de qualquer um. Senão vejamos:

Certa ocasião, uma senhora queria saber o endereço exato de um apartamento que estava à venda. Ela estava pedindo orientação ao dono de um bar. O que ele fez? Tomando uma atitude arbitrária, petulante, ousada e gritando, como lhe era peculiar, pensando que seria atendido, obedecido num estalar de dedos, equivoucou-se, totalmente. Foi uma frustração total. Uma verdadeira saia-justa em plena luz do dia e na presença de várias pessoas. Assim ele falou:

- Eu já sei quem vai levá-la até ao apartamento que a senhora pretende comprar. Em seguida gritou: ZOINHO, já que você não faz nada mesmo, acompanha essa senhora até aquele prédio...do...

Não terminou nem a frase, foi bruscamente interrompido pelo seu suposto subalterno, que no auge do seu orgulho ferido, humildemente assim falou:

- “Calma, aí onde o senhor se engana, entrando em contradição: ora, se eu “não faço nada” como acabou de falar, como posso acompanhar essa senhora em algum lugar? Se vira, procure alguém que faça algo, meu chapa!”

- Oh, ZOINHO, que é isso, companheiro? Está me estranhando?

-“Já disse e repito: não vou porque você faltou com respeito com a minha pessoa. Não sou nenhum “Zé Mané” de recados ou um cachorro que basta fazer um gesto para ele se aproximar. E outra coisa, tirou do seu dicionário a palavra “favor”?

Vendo o comerciante boquiaberto e desapontado com aquela reação inesperada e percebendo que daquele mato não sairia coelho, aquela senhora deixou o local, sorrateiramente, e foi pedir informação a outra pessoa.

Enquanto isso, os dois ficaram trocando ideias por mais alguns minutos, mas sem chegar a nenhum acordo. Contudo, não houve uma discussão maior porque o dono do bar, percebendo que errara, simplesmente entrou no seu estabelecimento e deu o caso como encerrado. Só uma coisa as pessoas que assistiram aquela cena comentavam: mesmo que o ZOINHO, por ventura, volte a beber, dificilmente entrará no bar do seu desafeto a partir daquele instante. Mas, como diz o ditado: “O mundo dá muitas voltas!”..Mas, pensando bem, respeito e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém.

João Bosco de Andrade Araújo

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JOBOSCAN
Enviado por JOBOSCAN em 27/05/2009
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