Mafersa

Acho que as pessoas vão achar estranho, mas mesmo assim eu irei escrever esta crônica.Vou explicar primeiro o que significa, em termos comuns, o que é um Mafersa. Mafersa era uma empresa que fabricava componentes ferroviários e logo por seguinte, ônibus. O nome Mafersa significa: Material Ferroviário S.A, em vista que a principal atividade econômica desta estatal era a fabricação de trens para o transporte publico nacional.

Mas o que quero escrever nesta crônica não é a historia da Mafersa, mas sim uma retentiva que ficou marcada para sempre na minha mente e está memória conta como personagem secundário um Mafersa (tem-se que eu sou o personagem principal da minha própria historia).

Nos idos de 1998 ou 1997, eu era apenas uma criança inocente que acreditava em Papai Noel e Coelhinho da Páscoa, mas também era um garoto que gostava de passear pela cidade com o pai, que aprendeu desde cedo a gostar e respeitar os ônibus (por mais estranho que pareça, eu puxei isto de meu pai, que também gosta muito de ônibus), nós andávamos muito juntos e com isso ele me ensinou a maior parte das coisas que aprendi sobre ônibus, me ensinou a reconhecer qual era apenas pelo ruído do motor, me ensinou a diferencias modelos e marcas, me ensinou que um ônibus era muito mais que um monte de ferro e alumínio dobrados para carregar pessoas (não que ele tenha me dito que eles eram “quase” como pessoas), hoje tornei-me uma pessoa melhor por esses princípios e vejo que meu pai não estava me ensinando a respeitar máquinas mas a respeitar pessoas também.

Mas a historia é de um Mafersa e não de meu amado pai, como já disse, Mafersa é um ônibus e devo dizer que é um dos melhores na qual tive a oportunidade de andar, não era duro e apertado como os demais, era macio e espaçoso, confortável até o extremo. Todas as versões que tenho conhecimento são motores traseiros com o motor da série Cummins, que hoje em dia equipa os caminhões da Volks, eram grandes e luxuosos até certo ponto eram como limusines coletivas.

Gosto de relembrar as tarde, as manhãs e até mesmo as noites que andei naqueles ônibus, era algo inexplicável a uma pessoa que repudiava ou tinha qualquer forma de pensamento comum quanto aquele tipo de veiculo. Quando um deles passava na rua, com seu ronco inconfundível, me vinha uma excitação inexplicável fazendo-me correr para vê-los ou mesmo ficar imóvel até que aquela preciosidade passasse e sumisse diante da minha vista.

Mas a pouco tempo tive uma visão, que considerei “monstruosa”: Um Mafersa M 210 C Cummins, parado em um pátio de empresa de construção civil, aquilo doeu fundo em mim pois me fez relembrar todos os bons momentos que tive em minha infância, os momentos com meu pai, era como se tudo aquilo que vivi na infância estivesse esvaindo por entre as minhas mãos. Neste dia tomei a decisão de comprá-lo para mim, devido ao alto preço desta raridade, as minhas lembranças ainda apodrecerão por um longo tempo no pátio daquela empresa.