Sem cor e sem som...

Ontem eu sonhei com cores. Sonhei que eu era capaz de ver e que à minha volta o mundo brilhava em muitas cores, eu não sei distinguir as cores que via, fico tentando imaginar o que seria entre elas o vermelho, amarelo, qual seria a verde ou azul...?

Eu cega de nascença que sou, não pude aprender a nominar as cores uma vez que nunca as vi em minha vida e nunca fui íntima delas.

Fora a primeira vez, assim num sonho, mas tinha uma consistência tão real em minha mente, eu não sei explicar direito, não vi formas, mas eu sabia que eram as cores, eu quase as podia tocar e elas me tocaram certamente, e de uma forma que eu jamais havia sido tocada.

Doce luz que rompeu minhas trevas iluminando minha íris

minha menina

minha alma

minha vida... Pra num colorido sentir me abençoar.

Coração motor batido, sem combustível, sem alimento ao amor parou na ladeira do fenecer, no padecer na escuridão do meu cotidiano não ver.

Reúno todas as minhas forças, assustada e faminta pela tua presença, pelas tuas cores, grito bem alto o meu amor, mas você não ouve sequer um sussurro.

Eu cega, você surdo.

Meu amor, se hoje quando amanheço há escuridão e da minha janela não vejo cores, fico cativa e você não terá o meu canto.

Será que o amor sem cor e sem melodia também amanhece, como essa dor que nasce a cada dia?

Ingrid Fernandes
Enviado por Ingrid Fernandes em 26/05/2009
Reeditado em 26/05/2009
Código do texto: T1615376
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.