O antídoto à crise

Cada dia tem sido mais difícil abrir os jornais e ler boas notícias. A palavra mais lida é “crise”. Há esta dita cuja nos mais diversos setores não só da economia, mas até no moral dos seres humanos que tão desumanamente têm se servido e servido aos outros com seus atos comuns nada corretos. Vivemos dentro de uma crise global onde todos os nossos valores estão sendo postos à prova. Até o entendimento dessa crise é complexo.

Os governos do mundo inteiro têm se reunido à procura de soluções práticas e satisfatórias no intuito de acharem um antídoto eficaz para ela. Reuniões e mais reuniões têm demonstrado que nem só as pilhas de dólares e de euros, disponíveis para seu conserto, não têm sido suficientes. É como se essa crise carecesse de outros valores novos que, infelizmente, parece não se saber ainda de fato quais seriam ou os evitassem em prol de interesses menores. E enquanto isso a crise vai parindo crises menores e distantes ou próximas umas das outras.

Nunca eu paquerei tanto o socialismo como agora. Passei a crer, bem fortemente, dentro de mim, que apenas o socialismo enquanto ação de maior valor norteador, poderá mudar esse rumo de ambição e egoísmo defendido pelo homem moderno. É preciso, como nunca fora antes, dividir o pão produzido e construirmos grandes messes.

Há dois mundos à nossa frente: o que se transformou em uma grande crise e um outro que pode redimir as civilizações e pô-las noutro mundo menos inglório. Não estou com isso defendendo o comunismo, essa forma de governo que, como foi aplicada, mostrou ser violenta, desrespeitosa e improdutiva. Defendo, sim, o coletivo prevalecendo sobre o individual e um ambiente natural onde haja respeito à essência do ser humano, um mundo mais humano e trabalho justo para todos.

O Dalai Lama, com muita propriedade, disse certa vez que nós humanos passamos a vida toda gastando a saúde para juntarmos dinheiro e terminamos por gastá-lo todo com as doença na velhice. Necessitamos de um Estado forte e fundamentalmente social e justo. Um Estado que não permita que seus cidadãos cresçam desnutridos ou analfabetos. Um Estado que permita o apagamento de vez das gritantes diferenças entre as classes sócias, mas um Estado que não permita o tratamento igualitário entre quem trabalha com decência, e aqueles que nada querem.

Não é ficcional ter-se esse sonho de um Estado humano e responsável. O socialismo pode muito bem ser essa ferramenta de mudança. É inadmissível vermos os armazéns do governo abarrotados de alimentos e um exército de crianças famintas, sem escolas, sem tetos, sem pais. Nenhum governo que tolere essas injustiças pode ser grande. Socializemos nossas almas primeiramente e tentemos socializar o Estado moderno. O povo pelo homem deve ser bem melhor do que o homem pelo povo.