Papo de Boteco
Uma das coisas que, de certa forma, se cristaliza dentre minhas maneiras de ver o ser humano é que ele precisa tanto de psicoterapia como de dentista, no mínimo. As razões que me levam a essa conclusão (embora nenhuma delas seja definitiva), longe de ser uma conspiração para psicólogo ganhar dinheiro, é, na verdade, o número de valores sociais que lhes são impostos e que, quase invariavelmente, as obriga a ser alguma coisa que elas, muitas vezes, nem desconfiam se serão capazes de ser. O resultado é a formação de indivíduos que justificam o dito popular: “de perto, ninguém é normal”, do qual subestimamos a profundidade. É opinião pra conversa de boteco, eu sei. Afinal, pouco conheço a respeito do assunto. Observo as conseqüências em mim e nos outros. Talvez devêssemos agradecer ao íntimo generoso das próprias pessoas não termos um caos maior nos relacionamentos, caso elas dependessem unicamente das convenções. Abordei esse assunto porque normalmente nos estranhamos ou estranhamos atitudes dos outros sem que busquemos uma explicação menos rápida, quando ela pode estar no nível de exigência a que nos habituamos em nome da convivência passando, a partir daí, a considerar essa a única referência interessante, evitando o desgaste da empatia.