Visão Estreita e Visão Ampla

Vários são os fatores que permitem a evolução ou o crescimento do ser humano, rumo a um ponto ainda inimaginável nos dias de hoje, podendo chegar até a um limite infinito, muito além de qualquer consideração científica, eclesiástica ou filosófica, porém, se nos ativermos apenas nos parâmetros da cultura contemporânea, considerada como de altíssima expansão tecnológica, respaldada pelas grandiosas experiências científicas em todos os ramos do conhecimento humano, sem dúvida alguma vamos soçobrar ingloriamente, sem termos o direito de apelarmos a instâncias superiores. O que estou afirmando pode ser demonstrado com grande facilidade, porque a quantidade de erros crassos que está sendo cometido pela humanidade é de tal monta, que fica muito simples para qualquer raciocínio lógico criar argumentos incontestáveis para derrubar todo esse ufanismo cego e autodestrutivo.

Sábio é aquele que reconhece a sua pequenez, mesmo dentro de uma grande sapiência para a sua época e perante os outros, e que tem consciência de que, por maior que seja o seu cabedal de conhecimentos, isto não pode ser comparado com a sua ignorância em relação a tudo aquilo que ainda lhe falta para saber. Por essa razão que ele pode ser considerado um sábio de verdade, pois é possuidor de uma visão ampla, suficiente para lhe mostrar essa verdade.

Imbecil é aquele que reconhece ser titular de grande sabedoria, muitas vezes regada por diplomas mil, juntamente pela quantidade de livros em uma vasta biblioteca, somados por reconhecidos prêmios especiais, que lhe foram outorgados ao longo de uma brilhante e próspera carreira, ou seja, é aquele que acredita mesmo ser o dono da Verdade, porque possui uma visão estreita. Exemplos é que não faltam – vejamos primeiro o caso da tal “engenharia de alimentos” - estamos hoje mexendo com a genética dos vegetais, porque entramos em um beco sem saída com relação à grande queda da produtividade agrícola, como consequência dos estragos irreversíveis na terra, oriundas da aplicação de agrotóxicos e de defensivos em grande quantidade, pois as doenças e pragas estão se multiplicando, quanto mais teimamos em entrar nesse caminho sem volta.

A própria ciência médica está começando a reconhecer que a guerra contra as doenças está caminhando para um processo de impasse, quanto mais se inventa novas técnicas de tratamento, acompanhadas de aparelhamento cada vez mais sofisticado e dispendioso, mais se constata que nem a simples gripe foi extirpada do nosso convívio quotidiano. O antibiótico, que era a solução dos problemas infecciosos, hoje é o problema que cria as infecções cada vez mais virulentas.

Outro exemplo de desvio de conduta do ser humano está na saudável prática de modalidades esportivas, que deveria ser uma forma de manutenção da saúde, mas que está sofrendo grande inversão de valores, devido ao estímulo direcionado à “malhação” exagerada, à competição desumana e ao profissionalismo irracional. Um esportista profissional é o exemplo maior da capacidade que o homem tem de criar grandes inutilidades para o bom desenvolvimento da raça humana. Outra aberração provocada por essa estupidez é a formação de alguns atletas multimilionários, carregados de “estrelismo”, idolatrados por milhões, cuja “grande” contribuição para o expansionismo da educação mundial é unicamente a alta capacidade de controlar uma bola, seja com as mãos ou com os pés, e nada mais!

Outro exemplo de baboseiras de “alto valor” é o mundo da moda “fashion”, que movimenta milhões, cria celebridades vazias, enche os bolsos de “estilistas” inúteis e supervalorizados, e ainda força regras desumanas para a formação de estereótipos femininos, que não condizem com a realidade da natureza da mulher.

O mundo da arte, que deveria ser uma coluna de salvação da humanidade pelo caminho do belo, está sendo enxovalhado pelos críticos “entendidos” e “respeitados”, que não têm a mínima noção do valor que o belo representa para o aumento da espiritualidade dos seres humanos. Muitos exemplos mais poderíamos citar, mas vamos deixar o resto para o próprio leitor, de visão ampla, completar.