Segredo

Vou te contar um segredo – está aí uma boa maneira de chamar a atenção.

E se depois dessa frase, a revelação continua, eis a morte do segredo. Porque segredo é só de um. Quando se conta, já não é mais segredo. Não existe “segredo compartilhado”. O melhor amigo tem sempre uma pessoa (um terceiro!) da sua mais alta confiança para compartilhar o que lhe foi confiado no mais absoluto segredo.

Uma sábia frase popular diz: “Se você não quer que ninguém saiba, não faça.”

Ninguém consegue guardar segredo. Pesquisas já comprovaram o impulso que o ser humano tem em contar a verdade. E na maioria das vezes, tentar guardar segredo implica em mentir. Ocultar é uma forma de inverdade.

Segredo é segredo quando é só de um, aquele que guardamos só para nós, nas profundezas do nosso íntimo. Desejos, vontades, fantasias, curiosidades, aquilo que fizemos e ninguém viu.

Os segredos geralmente têm vida curta. Ou são pontudos, incômodos, ou então fazem cosquinha, loucos para saírem. É difícil mesmo quem consiga guardar um segredo só para si.

E uma dura verdade: o que acontece entre um casal, mesmo as intimidades mais loucas, não fica só a dois, não. Homens e mulheres têm essa necessidade de compartilhar, cada um à sua maneira. Uns exagerando, outros fantasiando, mas contam sim.

Não é difícil entender por que um livro chamado “O Segredo” tenha feito tanto sucesso. Escreva na tampa de uma caixa “Não abra” e veja o que acontece. Como disse Michel de Montaigne, “proibir é despertar o desejo”.

(São José do Rio Preto, 23/05/2009)

Hélio Fuchigami
Enviado por Hélio Fuchigami em 24/05/2009
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