Que bom estar em casa
Da série "A Mudança" - não sei que número
Quantas vezes a gente odeia ficar em casa, não é? A gente não percebe o valor de nosso canto quando estamos enfurnados nele, mas ao sairmos para longe, deixando nossas marcas e nossas coisas em algum recanto, ao voltarmos a ele, sentimos que estamos retornando às nossas raízes, ao nosso ponto de partida, à nossa síntese.
Muitos para quem agora escrevo não me conhecem – cadastraram-se recentemente em meu site (o Clube da Dona Menô) ou me leram através do Recanto das Letras, neste site do escritor que tenho aqui, e talvez não possam entender a intensidade do que escrevo. Para todos os meus leitores e amigos vou falar tão simplesmente que nem darei bola para ortografia, senão a inspiração foge...
Estive colhendo material para textos culturais e novas formatações em power point slides. Passei da fase de escrever muito e todo dia, e até passei da fase de me preocupar com meu site, de achá-lo massa falida, que ele está indo pro beleléu. Cheguei à conclusão de que quem me acessa e fica, está na minha praia e vê, como eu, as coisas importantes do mundo.
Acho o maior barato saber que pessoas me leem antes de trabalhar, antes de abrirem seus computadores para a lida do dia. Também acho o máximo saber que pessoas de todas as idades gostam do que envio – algumas até ficaram amigas!!! E por essas pessoas eu escrevo hoje este textinho.
Eu preciso de muitos dias para estudar sobre algum assunto antes de publicar, principalmente quando se trata de artigos que envolvem a história do Brasil. Assim sendo, estarei pesquisando bastante, mas muito mesmo, antes de enviar as coisas LINDAS que pretendo fazer.
Chego de viagem e entro em minha casa. Eu posso dizer com toda a sinceridade que a melhor parte da viagem aconteceu horas atrás, ao abrir a porta. Talvez eu tenha encontrado em terras distantes o que eu precisava encontrar aqui neste canto que abriga meu pc: aconchego, segurança, tranquilidade.
Minha casa até hoje estava sendo interpretada por mim como um lugar muito estranho, sem minha personalidade, sem dono, apenas um lugar para enfeitar com bugigangas, local onde morou uma pessoa com problemas mentais e que morreu na minha sala. Eu colocava coisas bonitinhas e depois ia dormir. Mas, ao contrário, eu tive nesta noite uma sensação de paz, ao virar as chaves que me traziam de volta.
Antes da tal viagem, quando coloquei tudo rapidinho em malas e saí batida, eu nem percebi que fazia exatamente o que eu faço todos os dias: eu raciocinava sobre o que era imprescindível e básico à minha sobrevivência física: documentos, dinheiro, agasalho, sapatos, roteiros, carregadores de baterias, endereços...
Andei por aí e voltei. Quando a porta de minha casa foi reaberta, eu senti cheiros de infância, de passados, de pessoas que se foram, mas que continuam ao meu lado. Ouvi minha mãe gritando lá da cozinha: “Leilinha, quer um ovo frito ou vai dormir um pouquinho antes de comer?”. Eu voltei ao tempo...
Seja qual for o lugar que eu habite, o chão que eu pise, o teto que me proteja de ventos e chuvas, se eu colocar nesse lugar tudo o que eu aprendi na vida, estarei bem, estarei em comunhão com Deus.
Nunca vi minha velha casa nova como um lar, mas hoje foi diferente. Meu lar... Tive que ir longe para entendê-lo. Aqui eu economizo a presença dos amigos por achar que tudo é trabalhoso. Aqui eu enfeito paredes apenas por decoração e aqui eu descobri, ao voltar, que meu cheiro ficou, que meu passado não foi embora, que tudo que está à minha volta domina qualquer interferência negativa que eu tenha do imóvel.
Tive que estar em contato com pessoas, muitas pessoas, e também pessoas especiais pra mim, pra depois me sentir bem sozinha, no silêncio gostoso de uma casa, com cheiro de amaciante de roupas no varal, e perceber que eu trouxe, sem consciência, a espiritualidade da qual eu estava precisando.
Leila Marinho Lage
Rio, 24 de maio de 2009
http://www.clubedadonameno.com
Da série "A Mudança" - não sei que número
Quantas vezes a gente odeia ficar em casa, não é? A gente não percebe o valor de nosso canto quando estamos enfurnados nele, mas ao sairmos para longe, deixando nossas marcas e nossas coisas em algum recanto, ao voltarmos a ele, sentimos que estamos retornando às nossas raízes, ao nosso ponto de partida, à nossa síntese.
Muitos para quem agora escrevo não me conhecem – cadastraram-se recentemente em meu site (o Clube da Dona Menô) ou me leram através do Recanto das Letras, neste site do escritor que tenho aqui, e talvez não possam entender a intensidade do que escrevo. Para todos os meus leitores e amigos vou falar tão simplesmente que nem darei bola para ortografia, senão a inspiração foge...
Estive colhendo material para textos culturais e novas formatações em power point slides. Passei da fase de escrever muito e todo dia, e até passei da fase de me preocupar com meu site, de achá-lo massa falida, que ele está indo pro beleléu. Cheguei à conclusão de que quem me acessa e fica, está na minha praia e vê, como eu, as coisas importantes do mundo.
Acho o maior barato saber que pessoas me leem antes de trabalhar, antes de abrirem seus computadores para a lida do dia. Também acho o máximo saber que pessoas de todas as idades gostam do que envio – algumas até ficaram amigas!!! E por essas pessoas eu escrevo hoje este textinho.
Eu preciso de muitos dias para estudar sobre algum assunto antes de publicar, principalmente quando se trata de artigos que envolvem a história do Brasil. Assim sendo, estarei pesquisando bastante, mas muito mesmo, antes de enviar as coisas LINDAS que pretendo fazer.
Chego de viagem e entro em minha casa. Eu posso dizer com toda a sinceridade que a melhor parte da viagem aconteceu horas atrás, ao abrir a porta. Talvez eu tenha encontrado em terras distantes o que eu precisava encontrar aqui neste canto que abriga meu pc: aconchego, segurança, tranquilidade.
Minha casa até hoje estava sendo interpretada por mim como um lugar muito estranho, sem minha personalidade, sem dono, apenas um lugar para enfeitar com bugigangas, local onde morou uma pessoa com problemas mentais e que morreu na minha sala. Eu colocava coisas bonitinhas e depois ia dormir. Mas, ao contrário, eu tive nesta noite uma sensação de paz, ao virar as chaves que me traziam de volta.
Antes da tal viagem, quando coloquei tudo rapidinho em malas e saí batida, eu nem percebi que fazia exatamente o que eu faço todos os dias: eu raciocinava sobre o que era imprescindível e básico à minha sobrevivência física: documentos, dinheiro, agasalho, sapatos, roteiros, carregadores de baterias, endereços...
Andei por aí e voltei. Quando a porta de minha casa foi reaberta, eu senti cheiros de infância, de passados, de pessoas que se foram, mas que continuam ao meu lado. Ouvi minha mãe gritando lá da cozinha: “Leilinha, quer um ovo frito ou vai dormir um pouquinho antes de comer?”. Eu voltei ao tempo...
Seja qual for o lugar que eu habite, o chão que eu pise, o teto que me proteja de ventos e chuvas, se eu colocar nesse lugar tudo o que eu aprendi na vida, estarei bem, estarei em comunhão com Deus.
Nunca vi minha velha casa nova como um lar, mas hoje foi diferente. Meu lar... Tive que ir longe para entendê-lo. Aqui eu economizo a presença dos amigos por achar que tudo é trabalhoso. Aqui eu enfeito paredes apenas por decoração e aqui eu descobri, ao voltar, que meu cheiro ficou, que meu passado não foi embora, que tudo que está à minha volta domina qualquer interferência negativa que eu tenha do imóvel.
Tive que estar em contato com pessoas, muitas pessoas, e também pessoas especiais pra mim, pra depois me sentir bem sozinha, no silêncio gostoso de uma casa, com cheiro de amaciante de roupas no varal, e perceber que eu trouxe, sem consciência, a espiritualidade da qual eu estava precisando.
Leila Marinho Lage
Rio, 24 de maio de 2009
http://www.clubedadonameno.com