CADÊ VOCÊ?! Que nunca mais apareceu aqui...
Cadê você?! Que nunca mais apareceu aqui...
Por Poetha Abilio Machado.
Na cidade outro dia, um bando de homens gritava "Justiça! Justiça!
Cercavam um prédio tristemente vestido de concreto com placa carcomida que registravam as palavras Fórum de Justiça e Cidadania. Palavras com sinais de que um dia brilharam em cores douradas do malte do latão polido e que agora fosco manchava sua própria visão...
Aquela tarde o céu da cidade esmorecia, na frase escrita que lamentava em choro constante das mães que escondiam as faces sofridas entre as mãos calejadas naqueles degraus tão curtos de tamanha insensatez: A justiça é igual para todos.
O que responder a aqueles que choram?
O que dizer a aqueles que lamentam?
A fé caía na terra como a chuva que ameaçava aquele horizonte cheio de vestígios de progresso, ninguém mais ousava repousar, todos estavam agora intumescidos pela ira da falta, falta daquela igualdade tão prometida e tão pouca usada.
Nesta réstia de dia também ali estavam os alienados na turba não sabiam o que acontecia, mas se dava para levantarem os braços e gritarem seus jargões ao vento sob o sol escaldante ficariam entremeando os gritos e sorrisos de consentimentos entre um e outro...
Mas em alguém resistia a pergunta...
Justiça? O que seria isso? Derramava pelo canto da boca um pouco da baba da raiva e da lembrança de ter carregado os irmãos chacinados sobre seus braços finos e subnutridos de toda a fome de vida que tinha...
Com a paixão da revolta que atiça aos animais, cansavam e os homens trancados no palácio erigido à conduta e para a proteção da própria espécie aliviavam-se sob as batas compridas e lampejos de uma educação insegura de falsas excelências e vossas excelências que castigavam nas mãos, era um prazer de doidos ver a turba instigada, eles ali em fila nas janelas deixavam-se levar pelo medo e pela ansiedade em suas masturbações de egos... Que explodiam seu visco entre suas pernas quase esbarrando nas suas próprias cabeças escondidas ali... Aí de ti!
Saber as palavras e conhecer, assassinos e pistoleiros.
Fugir dali... Quando aqueles seres uniformizados abrem-se como leque separando a antiga igualdade e causa a separação, seres pagos para proteger e servir e que naquela momento optam em proteger e servir mas aqueles que também recebem, é aqui que está a divisão cruel, não mais paguemos seus salários, vendidos, malditos e assassinos travestidos de lei. Ah! Com que prazer os homens olhavam as pessoas se consumindo em ódio contra si mesmo, sabiam que era isso que queriam o poder de controlá-los, que enquanto isso houvesse viveriam para guerrear um ao outro e nem mesmo avançariam por sobre aquelas escadarias de seus poderes tão corruptadamente conquistados.
Que culpa teriam se tinham os poderes? Poderes herdados... Que outra lei fariam para acabar de vez em sempre com esta mania de protestos por coisas tão banais como direitos e justiça, cidadania e igualdade?
Massas conturbadas...
O que dizer das outras que sorrateiras sugam seus valores de caixas e cargos nas planícies centrais, por não lá, por que aqui, por que Jusce levou tão longe, para ficar perto das fazendas latifundiárias ou para que o povo ficasse bem longe do grande bolo de dois dedos com dos pratos representativos, num se mostra indecente só recebo por isso minha boca está para cima, no outro lhe diz sem mascaras aqui já viramos o cocho só para nós, somos ratos que somos e roeremos às escondidas os desvelos do povo perturbado pela raiva de si mesmo esquecendo-se de nós...
Estou pouco me lixando diz um. Estou aqui para defender meu feudo diz outro. O outro ironiza: Se eu e minha família fôssemos assim como a impressa reza, meu pai não teria sido senador, eu não seria deputado federal, minha mulher prefeita e meu filho vereador...
Me vem a música tão hino quanto é minha angustia:
A culpa é de quem? A culpa é de quemmm...
E me explode a pergunta e a razão... Então era sério..Os estudantes são manipulados, saíram às ruas de caras pintadas pelo dinheiro tomado da burguesia pelo plano daquele presidente que logo depois voltou a aquelas mesmas cadeiras e hoje não saem para exigir que não sejam espoliados os seus direitos de fato...