Paredes
Águida Hettwer
Que segredos escondem esses tons serenos, frisos de emoções pendurados em cabides, a espera da vida com urgência. Resguardo de lembranças em choro de crianças. Em melindres com a ausência de luz, afligem grandes e pequenos, até os dias de hoje. Sendo que muitas vezes um raquítico palito de fósforo aceso resolveria o problema.
De quantas lágrimas se serviram os travesseiros, de noites mal dormidas, por sofrimento de causa à-toa, discussões banais que poderiam ser evitadas. Se cada um extraísse o cisco do olho antes de apontar defeitos. Onde a vingança é um prato que se come frio, desde que o mundo é mundo.
Na ciência das escolhas, recibos rubricados de vidas. Prefácio do saber, folheando páginas com a respiração ofegante. Novelos de intimidades, desenrolados fio a fio. Onde as paredes silenciam em arrepios e não há nada o que temer.
Deixar que a vida passe despercebida fosse o mesmo que vender a alma fiado sem saber quando receber. E os apelos da natureza sejam inaudíveis, e a porta não fecha mais de tanta pressão. A felicidade estende-se a cumplicidade, a chamego de versos, em idioma traduzido de paixão.
As paredes cochicham enquanto descansamos, marcam encontros no saguão da alma, carregam sonhos em carrinhos de mão. Renunciam dilemas, em cadeado aberto para novas emoções. Penduram lembranças em molduras, se esconde e se revela em cada partição.
Nas paredes de uma casa, fica o riso dos diálogos, a solidão do acaso, o desejo reprimido, a vontade expansiva, a euforia de se enrolarem nas carícias das cortinas.
24.05.2009
Águida Hettwer
Que segredos escondem esses tons serenos, frisos de emoções pendurados em cabides, a espera da vida com urgência. Resguardo de lembranças em choro de crianças. Em melindres com a ausência de luz, afligem grandes e pequenos, até os dias de hoje. Sendo que muitas vezes um raquítico palito de fósforo aceso resolveria o problema.
De quantas lágrimas se serviram os travesseiros, de noites mal dormidas, por sofrimento de causa à-toa, discussões banais que poderiam ser evitadas. Se cada um extraísse o cisco do olho antes de apontar defeitos. Onde a vingança é um prato que se come frio, desde que o mundo é mundo.
Na ciência das escolhas, recibos rubricados de vidas. Prefácio do saber, folheando páginas com a respiração ofegante. Novelos de intimidades, desenrolados fio a fio. Onde as paredes silenciam em arrepios e não há nada o que temer.
Deixar que a vida passe despercebida fosse o mesmo que vender a alma fiado sem saber quando receber. E os apelos da natureza sejam inaudíveis, e a porta não fecha mais de tanta pressão. A felicidade estende-se a cumplicidade, a chamego de versos, em idioma traduzido de paixão.
As paredes cochicham enquanto descansamos, marcam encontros no saguão da alma, carregam sonhos em carrinhos de mão. Renunciam dilemas, em cadeado aberto para novas emoções. Penduram lembranças em molduras, se esconde e se revela em cada partição.
Nas paredes de uma casa, fica o riso dos diálogos, a solidão do acaso, o desejo reprimido, a vontade expansiva, a euforia de se enrolarem nas carícias das cortinas.
24.05.2009