(ESPERANÇA) UM MOTIVO A MAIS PARA SEGUIR VIVENDO...

Marcos desligava-se com fones de ouvido ou o ouvido colado ao celular ou com os olhos na TV, zarelhando o controle remoto ou a internet. Marcos, às vezes, com o pensamento distante...

D. Elisa perdera o seu filho de um modo trágico. A morte é sempre uma tragédia. Nunca mais o seu abraço, o seu aconchego seriam os mesmos. A sua ternura era dirigida, com endereço certo. Nunca mais o adolescer inquietante ao seu redor, a música alta, o olhar perdido a ouvir somente o que se lhe aprouvesse. Assim julgava a pobre mãe diante do acontecido. “Mas ele estava ali. Suas ausências eram presença e presente. Podia beijá-lo, tocá-lo. Podia dar-lhe broncas homéricas. Tudo sem agravo. Ele não se agravava. Não se ressentia”.

Ela pensa em encontrar-se com ele em outra dimensão. A mulher parece estar de malas prontas, posto que nem a flor, nem o azul do céu, sequer uma vitrine bonita a exibir um lindo traje chama a sua atenção. Era morrer ou morrer.

A nossa vida se transforma, mudamos nós. Os acontecimentos sobrepõem-se às nossas dores. Um dia aconteceu o que antes seria motivo de zanga e de decepção para aquela mãe. No momento em que Isabelle adentrou a sala de seu apartamento, portando uma barriguinha de uns quatro meses de gestação e anunciou-lhe o neto: À D. Elisa, devolveu-lhe a vida.