A volta
Cheguei! Diz meu coração a meus olhos... E uma felicidade corre-me na pele... Molhando-me os olhos! Meu lábio inferior- tal em uma menina - treme. Que se fala nessas horas? “Cheguei em frente ao portão....” Ah, meu cachorro correu solto na varanda, abanando o rabo.... Ele está feliz!
Coloquei os olhos nas palhas da palmeira- ainda está aqui! As águas maltrataram-na, mas ela continua firme, como eu, após a volta (Porém, sei, outras enchentes virão! Terei forças para ver novamente as águas entrarem cidade adentro na calada da noite?).
Como é bom estar em casa!
As conversas das crianças ainda estão presas nas paredes... Sinto quando recoloco os retratos nos mesmos lugares. A mesa da cozinha pede que eu corte a carne ou faça um café... Chamando os meninos à mesa. O cajueiro – com alguns galhos cortados – pede com urgência que eu admire suas flores e sonhe com a safra que logo, logo virá...
Estendo à tardinha minha rede na varanda olhando as borboletas pousarem nas flores silvestres que restaram... Recordo do sol pela manhã namorando suas pétalas e uma lagartixa que sempre descansava em cima do muro... Ela voltará... (Eu voltei!)...
Observo as estrelas ao cair da tarde e espero a lua... Há uma viagem que preciso fazer de volta – Às noites em que eu sonhava de minha janela e ouvia a serenata lá no fundo do sertão – a mulher que dizia a vida ser simples ainda tem a mesma alma de antes e quer sentar na poltrona a ela reservada para viajar na poesia...
Aqui é meu sertão... Minha casa. Estou de volta! A todos –as horas quase morrendo - “Um lindo fim de dia...”