Crônica do amor ausente
O suor do corpo foi levado pela água do chuveiro.
Mas nos poros continua o soluço da falta que faz o toque e o cheiro das mãos do meu amado.
Na pele, o arrepio e a doçura calma dos sentidos.
Faz tão pouco que se foi e a dor de não estarmos juntos agora toma conta de tudo.
A luz branca do ambiente não clareia. Refaço entre as paredes da memória todo o gesto, toda a fala.
Fecho os olhos e retornam os sons e as palavras.
Mergulho no arco-íris, que há pouco se projetara no universo único e povoa-do apenas por nossas almas gêmeas.
O perfume das flores, na jarra azul sobre a mesa de frio mármore, não afas-ta a lembrança do hálito quente, que acompanha a imagem do rosto amado, ain-da tão perto e tão real.
Nada é claro. Só o sentimento. Também a certeza de que mais uma vez o tempo e o espaço foram cúmplices de nossos sonhos, no mesmo tic-tac das horas e do coração.
Faz tão pouco tempo. Mas dói no corpo e na alma a espera de um novo encontro.
Tão fácil saber que depois desse amor não haverá mais nada.
Como sobrepor amor maior a esse amor tão grande?
Por isso a calma espera. E o sonho, no sono tranqüilo.
Há um quê de eterno e de loucura, nessa tentativa de fazer-lhe as vontades e de ficar sempre mais um pouquinho ao seu lado.
E quem sabe, ouvir uma palavra a mais que possa ser o milagre que sonho o tempo inteiro.
Terezinha Manczak