ANÁLISE DE UM "OBJETO": NA SERENIDADE DE UM SER...

Analisar um objeto grosso modo parece bem simples, mas a própria palavra análise nos sugere uma observação mais minuciosa, porque não dizer, mais complexa, mais profunda. Então a análise nos remete a um olhar para um todo e não para partes desconectadas do mundo ao redor ou do próprio objeto em si.

Analisar de certo modo é fascinante, psicologicamente, pensando, quando se analisa esta análise perpassa o próprio objeto, ou seja, ao olhar o objeto, nele também nos vemos e/ou partes de nosso inconsciente exerce influência na análise.

Na busca desse objeto que logo foi notado despertando tamanho deleite ao ver de perfil um senhor usando óculos, sentado numa cadeira, meio curvado, com uma sacola no colo, lendo alguma coisa como uma revista ou um jornal, usava um boné cinza, camisa azul, calça caque, sapatos pretos. Essas são características visíveis, são aspectos externos do que realmente vemos, percebemos com um olhar observador, mas esse olhar pode ir mais além e ser mais analítico nos impelindo a ver o invisível ou supondo-o ou ainda interpretando-o segundo nossa perspectiva como pessoa possuidora de sua história.

Aquele senhor que depois fiquei sabendo ser um padre me chamou muito a atenção. Mas, porque ele? Talvez o seu jeito de parecer estar num mundo à parte, olhando tão somente para sua leitura, contudo, também muitas outras coisa poderiam estar passando pela sua mente. Porém, a princípio parecia um quadro que havia acabado de ser pintado ou até a imagem de um senhor que estava ali num momento de descanso ou num momento só seu, onde ele se daria o direito de fazer o que quisesse.

Mas tudo que foi escrito sobre essa imagem desse senhor pode não ser nada disso, ele pode até ser alguém nada sereno, esses pensamentos fazem parte da minha análise que está norteada por resquícios do meu inconsciente.

Pergunto-me novamente o que realmente há por trás do que me chamou a atenção naquele senhor? Será fácil descobrir assim? Penso que não, mesmo assim escrevo o que mais me vem à mente no momento como resposta: é que ele me reportou as lembranças de minha falecida avó, que às vezes a via sentada como ele estava e por quem eu tinha muito amor e carinho... Tenho.

Com certeza existam mais coisas por trás do que me fez perceber aquele senhor de um modo especial, porém acho que não cabe para essa análise me aprofundar no meu ser para buscar tais respostas.

Além disso, só resta ressaltar por hora a riqueza que há em realizar algo como essa tarefa, já que analisar pode nos levar a refletir sobre muitas coisas e nos fazer despertar para as mais diversas questões sobre o objeto em análise.

Se quiser tente você que pode estar lendo sobre isso nesse momento e vai ver como é rico.

Patrícia Carvalho de Andrade

“Mas se você olhar para as coisas

com os olhos da razão comum,

você nunca entenderá como

é necessário amar”

(Attar, 1961, p. 102).

Patricia Carvalho
Enviado por Patricia Carvalho em 23/05/2009
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