POESIA ATRAPALHADA POR UMA NOTA DE FEIRA

Eu trabalho no Programa de Melhoramento Genético de Cana-de-Açúcar (PMGCA), na Estação Experimental de Carpina, pertencente à Universidade Federal Rural Pernambuco (UFRPE). Durante esta semana estávamos participando de um treinamento sobre a execução da análise estatística no SAS, Sistema de Análise Estatística (Statistical Analysis System).

Com o encerramento da capacitação, que aconteceu ontem, eu resolvi fazer uma poesia para agradecer ao colega e amigo Leonam Silva, nosso instrutor, ao nosso Coordenador Djalma Simões, que patrocinou a reciclagem, e também para me congratular com os colegas de turma do treinamento.

Logo de manhã cedo, em minha casa, fui ao banheiro e lá surgiu a primeira glosa da poesia. É neste recanto do meu mundo que gosto de ler, escrever, tocar violão e decorar poesias. Tenho umas pequenas prateleiras no banheiro onde sempre tem lápis, caneta, papel, revistas, jornais, livros e cordéis, à minha disposição, e quase sempre, eu levo meu violão. Escrever no banheiro tem uma grande vantagem, quando a gente percebe que escreveu porcaria, aproveita e dá descarga logo.

Segundo o poeta, declamador, apologista e produtor cultural, meu amigo Marcos Passos, autor do espetacular livro, recém lançado, “Antologia Poética - Retratos do Sertão”, ler no banheiro também tem suas vantagens, pois quando o livro não presta, cada página ruim a gente rasga e se limpa com ela. Isso jamais acontecerá com seu livro, que é uma obra prima de reconhecimento dos “poetas que fazem mais bonita essa nossa pátria nordestina”, como declara o grande escritor e estudioso da cultura popular, meu amigo Joselito Nunes, no Prefácio desse livro.

Quando saí do banheiro, encontrei minha esposa pedindo que eu fizesse uma pequena feira de frutas e verduras, na cidade do Carpina, onde os preços dos hortifrutigranjeiros são bem melhores que no Recife. Para tal, fiz o rol das mercadorias no mesmo papel em que eu rascunhava a poesia.

Ao término do curso, pedi licença aos colegas e recitei a poesia. Vejam no que deu.

Neste momento solene

Quero parabenisar

Ao amigo Leonam

Por muito bem lecionar

Mostrando que a gente rende

E que todo mundo aprende

Quando alguém quer ensinar

Cebola, coentro, inhame

Batatinha, pimentão

Compre banana comprida

Mas banana prata não

Traga laranja comum

Alho e também jerimum

Abacaxi e mamão

Oxente! Desculpa pessoal. Essa é a lista das compras que a mulher mandou eu fazer, justamente na hora em que eu tava fazendo a poesia. Aí embananou tudo. Mas, vamos continuar.

Mais contente eu vou ficar

Quando vir a evolução

De todos os meus colegas

Pois a partir de então

Cada um de nós já faz

A análise no SAS

Que não é bicho papão

Vimos que essa questão

É fácil de resolver

Basta alguém se dedicar

E consegue aprender

Porque tem pouca ciência

E se tiver paciência

Qualquer um pode fazer

Cada campo que colher

Logo que aqui chegar

Basta se ter um tempinho

Já se pode analisar

E a melhor novidade

É se ter capacidade

Pra também interpretar

Quando a safra terminar

Todos vão se sentir bem

Vendo os campos digitados

E analisados também

Desde o plantio à colheita

Vão ter a obra perfeita

Sem depender de ninguém

Agora o que me convém

É mostrar a gratidão

Ao nosso amigo Djalma

Que numa grande ação

Fez todo mundo estudar

E passar a trabalhar

Com gosto e motivação

Eu vejo a satisfação

No rosto de cada um

Gente que antes dizia

“Faço de jeito nenhum”

Agora está feliz

E muitas vezes já diz:

Não vejo problema algum

Um abraço em cada um

Eu deixo nesse momento

Pois vejo que melhorou

O nosso conhecimento

Com bastante discussões

Trocamos informações

Dentro desse treinamento.

Recife/Carpina, 22 de maio de 2009